Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Categoria: Sexualidade (Page 2 of 4)

PLC 122 e Jean Wyllys

Acabei de ler o texto de Jean Wyllys para o Jornal do Brasil. É o tipo de conteúdo que precisamos passar adiante e discutir. A liberdade não deveria ser negociável.

(Fonte: Leandro Fortes, texto completo aqui)

Em primeiro lugar, quero lembrar que nós vivemos em um Estado Democrático de Direito e laico. Para quem não sabe o que isso quer dizer, “Estado laico”, esclareço: O Estado, além de separado da Igreja (de qualquer igreja), não tem paixão religiosa, não se pauta nem deve se pautar por dogmas religiosos nem por interpretações fundamentalistas de textos religiosos (quaisquer textos religiosos). Num Estado Laico e Democrático de Direito, a lei maior é a Constituição Federal (e não a Bíblia, ou o Corão, ou a Torá).

Logo, eu, como representante eleito deste Estado Laico e Democrático de Direito, não me pauto pelo que diz A Carta de Paulo aos Romanos, mas sim pela Carta Magna, ou seja, pelo que está na Constituição Federal. E esta deixa claro, já no Artigo 1º, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana e em seu artigo 3º coloca como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A república Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da prevalência dos Direitos Humanos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.

Sendo a defesa da Dignidade Humana um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico Brasileiro, ela deve ser tutelada pelo Estado e servir de limite à liberdade de expressão. Ou seja, o limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais.

Seus discursos de ódio têm servido de pano de fundo para brutais assassinatos de homossexuais, numa proporção assustadora de 200 por ano, segundo dados levantados pelo Grupo Gay da Bahia e da Anistia Internacional. Incitar o ódio contra os homossexuais faz, do incitador, um cúmplice dos brutais assassinatos de gays e lésbicas, como o que ocorreu recentemente em Goiânia, em que a adolescente Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, que, segundo a mídia, foi brutalmente assassinada por parentes de sua namorada pelo fato de ser lésbica. Ou como o que ocorreu no Rio de Janeiro, em que o adolescente Alexandre Ivo, que foi enforcado, torturado e morto aos 14 anos por ser afeminado.

O PLC 122 , apesar de toda campanha para deturpá-lo junto à opinião pública, é um projeto que busca assegurar para os homossexuais os direitos à dignidade humana e à vida. O PLC 122 não atenta contra a liberdade de expressão de quem quer que seja, apenas assegura a dignidade da pessoa humana de homossexuais, o que necessariamente põe limite aos abusos de liberdade de expressão que fanáticos e fundamentalistas vêm praticando em sua cruzada contra LGBTs.

Assim como o trecho da Carta de Paulo aos Romanos que diz que o “homossexualismo é uma aberração” [sic] são os trechos da Bíblia em apologia à escravidão e à venda de pessoas (Levítico 25:44-46 – “E, quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas…”), e apedrejamento de mulheres adúlteras (Levítico 20:27 – “O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles…”) e violência em geral (Deuteronômio 20:13:14 – “E o SENHOR, teu Deus, a dará na tua mão; e todo varão que houver nela passarás ao fio da espada, salvo as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o SENHOR, teu Deus…”).

A leitura da Bíblia deve ensejar uma religiosidade sadia e tolerante, livre de fundamentalismos. Ou seja, se não pratica a escravidão e o assassinato de adúlteras como recomenda a Bíblia, então não tem por que perseguir e ofender os homossexuais só por que há nela um trecho que os fundamentalistas interpretam como aval para sua homofobia odiosa.

Não declarei guerra aos cristãos. Declarei meu amor à vida dos injustiçados e oprimidos e ao outro. Se essa postura é interpretada como declaração de guerra aos cristãos, eu já não sei mais o que é o cristianismo. O cristianismo no qual fui formado – e do qual minha mãe, irmãos e muitos amigos fazem parte – valoriza a vida humana, prega o respeito aos diferentes e se dedica à proteção dos fracos e oprimidos. “Eu vim para que TODOS tenham vida; que TODOS tenham vida plenamente”, disse Jesus de Nazaré.

Não, eu não persigo cristãos. Essa é a injúria mais odiosa que se pode fazer em relação à minha atuação parlamentar. Mas os fundamentalistas e fanáticos cristãos vêm perseguindo sistematicamente os adeptos da Umbanda e do Candomblé, inclusive com invasões de terreiros e violências físicas contra lalorixás e babalorixás como denunciaram várias matérias de jornais: é o caso do ataque, por quatro integrantes de uma igreja evangélica, a um centro de Umbanda no Catete, no Rio de Janeiro; ou o de Bernadete Souza Ferreira dos Santos, Ialorixá e líder comunitária, que foi alvo de tortura, em Ilhéus, ao ser arrastada pelo cabelo e colocada em cima de um formigueiro por policiais evangélicos que pretendiam “exorcizá-la” do “demônio”.

O que se tem a dizer? Ou será que a liberdade de crença é um direito só dos cristãos?

Talvez não se saiba, mas quem garantiu, na Constituição Federal, o direito à liberdade de crença foi um ateu Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Aforjá, Jorge Amado. Entretanto, fundamentalistas cristãos querem fazer uso dessa liberdade para perseguir religiões minoritárias e ateus.

Repito: eu não declarei guerra aos cristãos. Coloco-me contra o fanatismo e o fundamentalismo religioso – fanatismo que está presente inclusive na carta deixada pelo assassino das 13 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro.

Reitero que não vou deixar que inimigos do Estado Democrático de Direito tente destruir minha imagem com injúrias como as que fazem parte da matéria enviada para o Jornal do Brasil. Trata-se de uma ação orquestrada para me impedir de contribuir para uma sociedade justa e solidária. Reitero que injúria e difamação são crimes previstos no Código Penal. Eu declaro amor à vida, ao bem de todos sem preconceito de cor, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de preconceito. Essa é a minha missão.

Jean Wyllys (Deputado Federal pelo PSOL Rio de Janeiro)


 

Somos responsáveis pela sexualização infantil precoce

Lendo a coluna do Provocador, me lembrei do que sempre falo nas minhas palestras sobre sexualidade: os pais reclamam da sexualização precoce de seus filhos e adoram culpar a sociedade, mas não conseguem perceber a responsabilidade que eles têm nesse processo.

Não sou radical, portanto não acredito ser possível (muito menos necessário) que as crianças sejam completamente isoladas e protegidas do que acontece social e culturalmente. Mas dai ao pulo de incentivar esse comportamento há um espaço muito grande. Chegamos ao absurdo dos sutiãs com bojo para crianças! Os pais e mães não conseguem ver isso?

 

Muitas mães se desesperam porque suas filhas adolescentes se tornam mulheres muito cedo. Mas poucas admitem o quanto dessa precocidade foi patrocinada dentro de casa.

Sem moralismo, por gentileza. Mesmo eu, na minha perversidade, não consigo imaginar uma menina de seis anos usando sutiã com enchimento. Mas tem mãe que, não só consegue, como estimula.

(…)

Quer dizer que não há limites para essa adultização da infância? Gravidez na adolescência, início cada vez mais precoce da vida sexual, o corpo feminino exposto antes mesmo de existir sensualmente? Assunto encerrado?

As mães nunca querem isso para uma filha. Mas são elas que incentivam seus bebês a se comportar como modelos numa passarela. É brincadeira, dizem. Inocência pura.

(…)

Acha bom sexualizar uma criança? Quer ensiná-la a se sentir um objeto de desejo?  Tudo bem. Mas depois não venha jogar a responsabilidade na sociedade permissiva em que vivemos. Cuida da sua filha, mulher.

 

Tenho duas palestras sobre o tema, disponíveis aqui e aqui.

Não vamos transformar a violência em uma discussão de gêneros

Inspiradas no dia internacional da mulher, blogueiras escreveram diversos textos sobre a violência sofrida por mulheres. Belos textos (Toda mulher tem uma história de horror para contar I e II) que contam um pouco pedaços de histórias e narrativas sobre violência. Toda mulher já deve ter passado por isso algum dia. Mas fiquei um pouco incomodada com a separação de gêneros nessa questão. E, apesar de concordar completamente com a discussão que se coloca no universo feminino, venho aqui falar um pouco sobre a violência masculina, para defender que violência não deveria ser combatida com a separação de gêneros.

 

“A violência é uma organização dos poderes da pessoa a fim de provar seu próprio poder, a fim de estabelecer o valor do eu (…) mas ai unir os diferentes elementos do eu, omite a racionalidade” – R. May

 

1. O ato violento na infância

Sabemos que as histórias de violência têm suas raízes ainda bem no começo da vida, nos primeiros anos de vida. Já nessa época, centenas de pessoas sofrem algum tipo de violência – desde o tapinha e gritos para educação, até algum tipo de abuso sexual por parte de pais e familiares.

Podemos dizer que as histórias de violência infantil são tão comuns que se tornaram corriqueiras a ponto de acontecer com uma certa aceitação social. Se presenciamos alguma cena que nos indique que a criança está sofrendo algum tipo de abuso, a nossa tendência é achar que estamos “vendo coisas” e que é preciso respeitar a indivudalidade de cada família e suas regras internas. Não é a toa que a grande maioria de casos de abuso sexual infantil, quando descobertos – já tardiamente, sempre vêm acompanhados de histórias em que a vítima contou e pediu ajuda mas não foi atendida. As histórias de violência sempre apresentam três personagens: a vítima, o agressor e a testemunha. Há sempre alguém que se cala.

Violências físicas e psicológicas estão presentes em grande parte das famílias, e parecem já instituidas, tão coladas as histórias familiares que as vezes parece impossivel interferir nessa realidade. Em seu livro sobre violência, Anamaria Neves nos conta um pouco sobre como a violência se apoia em algumas concepções sociais (sobre como deve ser a infância) e como certo grau de violência é socialmente e históricamente aceito. Esse tipo de violência, já tão cedo, foi e ainda é exercida com a cumplicidade de muitas instituições como igrejas, escolas e até mesmo o Estado. Ainda hoje podemos escutar histórias em que a violência familiar não pode ser impedida porque têm a cumplicidade de uma determinada religião e aceitação social.

Muitos pais agressores, quando participam de alguma intervenção psicológica, por vezes parecem vítimas de seu próprio comportamento agressivo e quando paramos para escutar essa história, percebemos que a violência infantil por vezes tem raízes na história familiar, de forma transgeracional.

 

2. Agressor já foi vítima

A violência infantil aparece nas histórias como uma estranha forma de amar. “Faço isso porque amo, para educar”. Desde pequena, a criança vai aprendendo um pouco mais sobre essa estranha maneira de amar. E quando adultos, tendem a reproduzir essa busca por amor à sua maneira. Violência e amor/desejo aparecem de uma forma tão colada, que parece ser impossível amar ou desejar sem atuar de forma violenta. Por essas e tantas outras razões, a maioria dos agressores de hoje foi a vítima de ontem.

É comum escutarmos de homens agressores, quando questionados sobre o porque da violência, que eles de fato acreditam que as mulheres “estavam pedindo, gostando”. Ficamos enojados com esse tipo de frase mas não paramos para escutar as raízes dessa crença, que em geral veio lá da história desse agressor. Afinal, frente a uma história de horror, é muito mais natural que usemos a dicotomia do bem contra o mal, porque é muito mais complicado tentarmos compreender um pouco tudo que está envolvido nesse horror. Ser agredido é terrível, mas encontrar na agressão a única forma de relacionamento com o outro também pode ser terrível. Se falhamos em olhar para esse agressor quando ele ainda era vítima, não podemos falhar duas vezes e negar seu direito de também ser olhado, cuidado, escutado – talvez pela primeira vez.

3. Violência sexual contra o homem

Sabemos o quanto as mulheres sofreram abusos e violência ao longo da história, e também sabemos que essa história aos poucos está mudando. As vítimas cada vez mais tem tido apoio suficiente para contar suas histórias e têm a oportunidade de exorcizar seus medos e seus horrores. Já algum tempo essas histórias são bem vindas, e a luta para mostrar que a culpa da violência não é da vítima deu essa oportunidade para muitas pessoas.

Mas quando falamos apenas da violência sofrida por mulheres, deixamos de lado as muitas histórias de violência contra o homem. Com histórias de horror, esses homens também têm muita dificuldade de contar e procurar justiça, já que sabemos o quanto a postura social machista impede certos comportamentos masculinos.

Quantas vezes ainda ouvimos que “homens devem sofrer calados” e que uma história de vítima “é coisa de viado”, ou ainda que o homem é forte, jamais teria como sofrer abusos de mulheres – ou de outros homens. Mas isso acontece muito mais do que imaginamos. E ao contrário das mulheres, os estudos sobre violência com vítimas masculinas é ínfimo, uma pesquisa superficial no google pode demonstrar isso. Presos em seus papéis sociais, homens também sofrem violência calados e têm muita dificuldade em procura ajuda.

4. Violência e discussão de Gêneros

Entendo e acho muito importante essa onda de proteção as vítimas femininas de violência. Mas acredito que esse contraponto é sempre necessário em qualquer discussão, já que a violência não é exclusividade de um gênero. Sabemos que homens, mulheres, transexuais e homossexuais sofrem todo tipo de violência o tempo todo. Devemos incentivar as vítimas a denunciar e contar suas histórias, sempre. E não podemos congelar a imagem do agressor como alguém do sexo masculino. Como vimos, pessoas que tem uma imagem social de delicadeza e sensibilidade (mães, por exemplo) podem facilmente se encaixar no perfil de agressores, assim como os mais terríveis agressores já podem ter sido vítimas de terríveis violências.

 

“Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro.Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda razão. Não é que um via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.” – Fernando Pessoa

Sexualidade e Deficiência Mental

Outro dia eu estava na piscina de crianças do clube mais cheio de firulas de Uberlândia. Junto comigo estava a mãe de um amiguinho do meu filho. Olhávamos as crianças enquanto tomávamos sol. Eis que surge na água um rapaz de aproximadamente 17- 18 anos com a mão dentro do calção de banho, sorrindo e se masturbando enquanto olhava para a mãe do amiguinho do meu filho. Ela estava visivelmente constrangida mas fingindo que nada estava acontecendo. Fui reparar um pouco mais no rapaz, e percebi que ele era deficiente mental. Não demorou muito e seu pai apareceu e o arrastou pelo braço (arrastou mesmo). Depois de algum tempo eles foram embora. A mãe do meu lado nada comentou sobre o assunto, como se nada tivesse acontecido.

Alguns anos atrás eu estava num clube de Águas de Lindóia, numa temporada de férias. Observei um rapaz com seus 15-16 anos na piscina, que fazia a mesma coisa mas parecia muito incomodado com sua situação. Então se dirigia para uma cascata de água gelada (muito gelada) e lá abria o calção deixando a água entrar. Seu desespero era visível. Depois de muito tempo por lá ele voltava para conversar com as pessoas (que não o conheciam). Seus pais não estavam em lugar visível. Mais tarde percebi que os pais o largavam na piscina de manhã e só apareciam no final da tarde pra buscar. Todas as pessoas na piscina ficavam visivelmente incomodadas e comentavam entre si o absurdo que era o menino ficar solto por ali o dia todo, pois ele não tinha culpa de ser deficiente mental mas a família tinha obrigação de ser responsável.

Contei essas duas histórias porque elas tem muita coisa em comum. Vamos começar falando um pouco da questão sexual e como acontece essa experiência da sexualidade para o deficiente mental. Vocês já devem ter percebido que a sexualidade dos jovens nessa idade é muito aflorada e com esses meninos não seria diferente. O que é difícil para eles é que a idade mental não condiz com a idade biológica, portanto eles tem dificuldade em entender o que estão passando e vivendo, como lidar com as transformações do corpo. Além disso, pais e professores tem receio de tocar nesse assunto com eles, temendo que eles não tenham maturidade suficiente para entender certos diálogos, mesmo que eles sejam necessários. Assim, eles agem como uma criança no corpo de gente grande pois não têm a maldade e o entendimento que nós – que assistimos a tudo isso – temos. E como podemos perceber nesses dois casos, um deles é arrastado da situação enquanto o outro é ignorado. Esse outro ainda parece ter sido ensinado alguma coisa e por isso parecia se desesperar deixando o pênis na água gelada para que ele não ficasse mais ereto.

Apesar de não ter a idade mental compatível com a biológica eles conseguem entender muitas coisas. Por isso conversas são fundamentais para explicar o que eles sentem e como podem reagir a esses sentimentos. Mas para muitos pais já e difícil conversar sobre sexualidade com os filhos “normais”, imagina então conversar sobre sexualiade com os deficientes mentais, que exigem uma dose muito maior de termos concretos na fala? Certos diálogos abstratos e subentendidos funcionam com jovens sem deficiência, mas com os DM é necessários dizer tudo que precisa ser dito com todas as letras e isso pode ser muito difícil para pais e educadores. Assim como a mãe ao meu lado fez, as pessoas tendem a ignorar e fingir que não estao vendo nada, e os meninos continuam tendo as mesmas atitudes entendendo menos ainda.

Agora vamos falar dos pais de jovens e crianças deficientes. Porque esses pais passam por essa e muitas outras dificuldades com seus filhos e outras pessoas que estão em volta tendem a ter atitudes críticas e julgadoras, ora por ignorar, ora por permitir que situações como essa aconteçam em qualquer lugar. Essas mesmas pessoas têm dificuldade de entender como é a vida de um pai com filho DM. Em geral esses pais são muito dedicados e focados nos filhos (seja porque gostam, seja porque não tiveram outra escolha). É de conhecimento geral que essas crianças exigem atenção extra e cuidados e com isso é possível que os pais se tornem cansados, frustrados e estressados com tanta carga de responsabilidade nas costas.

Pregamos muito sobre diversidade e inclusão mas para que tudo isso aconteça ainda é necessário muita tolerância e empatia. Eu costumo brincar que só inclui mesmo quem tem alguém da família que é deficiente (e olhe lá!). Mas será que só é possível entender o outro se vivenciarmos a mesma experiência?

Se você é daqueles que acha que os direitos dos deficientes são certos, mas ele lá e você aqui, então é hora de você começar a trabalhar a sua tolerância.

E você ai, pai ou parente de uma criança com DM, saiba que hoje em dia existe um vasto material sobre Sexualidade e Deficiência: livros, filmes e materiais de apoio. É possível encontrar também muitos grupos de apoio a pais e familiares de pessoas com deficiências. Se você está passando por alguma dessas situações procure informações a respeito. É possível que você possa encontrar ajuda para você e seu filho.

Recomendações de Leitura – Janeiro

Muitas pessoas perguntam qual é a diferença entre Psicólogo, Psicoterapeuta, Psiquiatra e Psicanalista. Já comentei sobre isso aqui no meu blog, em outros textos. E também é possível encontrar por ai alguns textos e vídeos que explicam a diferença básica entre essas profissões. Pensando nesse tema, compartilho hoje com vocês um texto do Lucas Napoli sobre “O que um psicanalista faz?”. Nessa segunda parte do texto ele tenta explicar um pouco do que é o trabalho de uma análise.

O que um psicanalista faz? – Lucas Napoli

Outro dia comentei que quando os bebês nascem, o amor entre ele e sua mãe não acontece de forma automática. Ao contrário do que pensam, o amor materno e até mesmo a função materna não nascem no parto do bebê. Fiquei surpresa de perceber que a maior parte das pessoas nunca parou pra pensar nisso. É como se o momento do parto fosse mágico, cheio de fantasias e histórias de contos de fada. E no meio desse mito muitos pais sofrem por não sentir essa mágica acontecer em relação aos seus filhos: acontecem depressões, suicídios, homicídios e tudo que poderia ser de alguma forma amenizado se fosse trabalhado junto com os nove meses de pré-natal.

Pensando nisso, indico o texto do Vladimir Melo – “O ódio que a mãe sente do bebê” pra começarmos a pensar um pouco mais sobre esse tema tão polêmico.

O ódio que a mãe sente pelo bebê – Vladimir Melo

Agora vamos falar um pouco de Sexualidade. Uma notícia da semana passada me chamou atenção e convoco vocês à reflexão:

Personagens gays do cinema e da Tv são entregues a atores heterossexuais. Por que?

E se você já usou a frase: “Eu não tenho nada contra homossexuais, mas eles não precisam fazer essas coisas em público”, ou alguma parecida, esse texto é pra você:

“A defesa do indefensável: o caso do AI-5 gay ” – Paulo Cândido

Indicação de Leitura – Livro “Como se constitui o sujeito”, do Luciano Elia.

Boas Leituras!

Laerte e a discussão de gêneros

Todas as entrevistas que li com o Laerte foram extremamente estereotipadas e desperdiçadas com perguntas óbvias e tolas. Pela primeira vez leio uma entrevista que realmente se dedica a discussão de gêneros de forma mais profunda.

Parabéns a revista TRIP pela iniciativa, e deixo com vocês o link da reportagem.

PARADOXO DE SALTO ALTO: :Laerte Coutinho diz que se vestir de mulher é uma atitude política e reclama da mídia

“Fica claro que Laerte é mais do que um militante político de qualquer causa específica. Ele vive essa questão teórica em seu próprio corpo. Confunde, porque se veste de mulher mas não se declara gay. Tampouco age da maneira que se esperaria de alguém tentando se passar por mulher. É homem? É mulher? É bicha? É travesti? Laerte é um paradoxo de salto alto.”

Ensinando Homofobia

Reproduzo aqui para vocês um texto muito bom sobre homofobia. (blog e texto na íntegra aqui – Obrigada pela autorização Lilah!)

Um menino americano de cinco anos, chamado Boo pediu a mãe para se fantasiar de Daphne, a personagem de Scooby Doo, no Halloween. A mãe não viu nenhum problema no pedido, além do fato de que ele poderia mudar de ideia, como qualquer criança de cinco anos. Então ela esperou alguns dias para comprar a fantasia, até ter certeza que era isso mesmo que ele queria. No dia da festa ela levou seu menino para a escola, mas do alto do sua vida de apenas cinco anos, Boo expressou medo de ser ridicularizado. Veja bem, ele não tinha dúvidas que ele queria usar a fantasia, ele só temia que outros não gostassem da escolha que tinha feito ele tão feliz alguns dias antes. Sua mãe o assegurou que o Halloween é um tempo de fantasias e que ninguém veria problema na sua vestimenta tão linda. Ela estava errada e Boo estava certo.

Várias mães expressaram desgosto pela escolha da fantasia de Boo. Pelo apoio que sua mãe deu, para que ele se vestisse do jeito que queria. Alegaram que não era direito ou que não ficava bem. E que Boo seria vítima de chacota de outras crianças. Mas veja bem, naquele momento Boo brincava com outras crianças de quatro e cinco anos que não tinham visto problema nenhum. Ah sim, elas vão aprender a ver problema nisso. Com suas mães e pais. As mesmas que estavam naquele momento criticando a mãe de Boo, por simplesmente ter permitido que uma criança escolhesse uma fantasia de Halloween.

O post que essa mãe escreveu tem mais de 44mil comentários. Muitos de apoio e vários de crítica. Como ela mesmo diz, talvez Boo seja gay. Talvez não seja. Isso não faz diferença para ela, que se preocupa em criar uma criança feliz que será um adulto bem resolvido e equilibrado. Ela não está preocupada em dizer a Boo que sua vontade de se vestir de Daphne, num feriado cujo ponto alto são fantasias, é errada, principalmente por que aos cinco anos Boo ainda está formando sua identidade de gênero e sua sexualidade. O que ela quis dizer, e disse, ao comprar aquela roupa é que seja que caminho ele seguir, ela vai estar lá.

O outing do Lucas foi logo depois do seu aniversário de 17 anos. E guardadas as devidas proporções eu ouvi coisas bem semelhantes de parentes, amigos e até de professores. Que eu estava “incentivando” ele a ser gay por ter aberto minha casa para amigos e namorados. Que eu devia ser mais rígida e menos “moderninha”. Que sendo tão novo era possível ainda “consertar o problema”. Claro que junto disso vinham também as recriminações sobre eu ter sido muito mole na educação dele. Ou de não ter tomado cuidado com as companhias. Que isso podia ser uma fase e que eu devia incentivá-lo a namorar uma menina, por que ele não podia saber se era gay sem ter namorado meninas antes. Como se algum hétero precisasse namorar meninos, para descobrir que gosta mesmo de meninas.

São essas atitudes que expõe claramente o quanto nossa sociedade é homofóbica. Ok, então seu filho é gay. Você já errou em algum lugar e fez ele virar gay, não precisa agora incentivar isso, né? Tenha um pouco de respeito por nós, cidadãos de bons costumes, e ensine seu filho que lugar de gay é onde eu não precise olhar para ele. Preconceito não é inato. Pessoas não nascem preconceituosas. Minha neta não tem nenhum problema com a sexualidade do tio, ela ri pra ele com o mesmo entusiasmo que ri para qualquer um que dê atenção a ela. O bebê de 2 anos filho do vizinho também. Infelizmente esse bebê de 2 anos vai aprender com o pai, um homofóbico de carteirinha, a não sorrir mais para o Lucas.

Muita gente que me aplaudiu quando eu “aceitei” o filho adolescente gay, me crucificou anos depois quando o Mario foi morar conosco. Muita gente que diz admirar minha relação com o Lucas, leva essa admiração apenas até a página dois. Tudo bem você aceitar o seu filho gay, mas não acha que é demais deixar seu filho caçula sair com ele e o namorado? Ou permitir que eles se beijem na frente dele? Isso não é legal para uma criança assistir. Você pode respeitar, mas não devia ficar incentivando esse comportamento ou trazendo os amigos para dentro de casa. Ou ficar conversando sobre o assunto com ele. Ou comprando camisinhas. Ele devia respeitar a família. Ou em outras palavras, você devia fingir que esse assunto não existe e deixar ele lá. Lá é o lugar que essa sociedade diz que gays deviam ficar.

O menino dessa história tem sorte de ter uma mãe que entende que, vestir-se de Daphne não vai determinar sua sexualidade no futuro. Que está disposta a deixá-lo experimentar e buscar a construção de sua própria identidade, sem limitações machistas e homofóbicas. Assim como não é a sexualidade do Lucas que vai influenciar, moldar ou contaminar a sexualidade do Saulo ou da bebê que eu estou esperando. Talvez, apenas desse a eles mais segurança para falar, por crescerem em um ambiente onde a homossexualidade é só um aspecto da personalidade.

Eu não poderia consertar o Lucas. Por que não tinha nada quebrado com ele. A mãe do Boo não está incentivando seu filho a ser gay ou travesti, ela está apenas respeitando uma escolha de fantasia do Halloween! Que aliás, provavelmente seja só isso: uma fantasia de Halloween. A maldade está na cabeça de quem transformou uma festa e uma brincadeira de criança, numa declaração de homofobia. E de quem ensina seus filhos que o diferente é para ser hostilizado ou ridicularizado. De quem perpetua uma sociedade machista, homofóbica e misógina onde um garotinho fantasiado de Daphne vira gay por ousar brincar.

Abuso ou Preconceito?

Falar de educação e sexualidade tem sido minha prioridade no ano de 2010. Fiz uma série de palestras e aulas sobre o tema, tanto em escolas públicas como em cursos de pós-graduação e formação de professores. Nesses momentos, tento tratar a questão pelo olhar da sexualidade e não do sexo, pois é comum tomarmos um pelo outro, ou pensar tudo como uma coisa só. Outra tentativa é de discutir questões importantes como homossexualidade, sexualidade nas deficiências e abuso sexual, tentando propor um novo olhar que passa pelo afeto e não pelo tradicional preconceito que encontramos tão enraizados nas pessoas.

Com essas experiências aprendi muitas coisas ao longo desse ano. Aprendi o quanto é difícil mudar um conceito e seus reflexos sociais. Aprendi também que quando se fala de sexualidade nada é simples e claro. A subjetividade é tanta que fica difícil estabelecer o que é certo e errado quando tratamos de desejo e do gozo (psicanalítico). Tudo depende do contexto (história, pessoas envolvidas, momento, etc), e por isso que hoje vou tentar falar um pouco do caso “do dia”.

“Jovem de 18 anos é preso por beijar garoto de 13 em cinema de shopping”

Notícia completa aqui.

Quando discuto abuso sexual infantil e adolescente, faço uma linha do tempo que começa no conceito de família e infância. Acredito que pensar as evoluções culturais e sociais são extremamente importante para pensar o presente e tudo que têm acontecido e se tornado corriqueiro socialmente. Em resumo, podemos pensar que o conceito de infância foi criado (já que antes elas eram vistas apenas como pequenos adultos), e depois dele veio o conceito de adolescência. Porém, com as evoluções sociais, a infância anda sendo achatada e precocemente transformada em adolescência. Crianças de 7 anos, por exemplo, que ainda estão longe da puberdade já mostram comportamentos adolescentes. E nossa sociedade como um todo tem apoiado essa “evolução” com uma naturalidade que assusta.

Vamos pensar juntos: se crianças com 7, 8 anos já se comportam como adolescentes e têm uma relação antecipada com as questões de sexo e sexualidade, não seria natural que com 13 anos elas se sentissem experientes e espertas o suficiente pra saber o que desejam e o que deixam de desejar? Nossa sociedade nos evidencia isso de diversas maneiras, como por exemplo o número de adolescentes grávidas com idades cada vez menores, aumentando diariamente os gráficos na área da saúde. Programas de tv como Malhação mostram que as crianças já se preocupam em namorar ou gostar de alguém. Nesse mesmo programa, jovens ainda menores se casam e descasam, engravidam e abortam e por ai vai…

Vamos adicionar mais uma pimenta nesse olhar: nós sabemos que nossa sociedade é ainda muito preconceituosa. Quando trabalho com os professores percebo como eles (que refletem nossa sociedade) aceitam namoro na escola (de meninas entre 13/14 anos com meninos mais velhos, 17/18 anos), mas quando alguma proximidade acontece entre dois meninos, as atitudes variam de nojo, incompreensão e até mesmo ao ato de chamar os pais dos meninos para dizer que algo de errado está acontecendo. Como podemos ver nesses vídeos patrocinados pelo Ministério da Cultura, Homofobia na escola I e Homofobia na escola II, certos comportamentos são socialmente aceitos para casais heterossexuais e são proibidos para casais homossexuais. Assim, se esse menino da reportagem fosse uma menina de 13 anos, será que tudo isso teria acontecido? Será que eles teriam sido tão notados pela bilheteira, pela pipoqueira e pelos outros adultos no cinema?

Pra finalizar essa linha de argumentação ficam as perguntas: Será que se fosse um casal de heterossexuais isso teria tomado essa proporção? Se a nossa sociedade instiga o comportamento sexualizado precocemente e o naturaliza diaramente, o menino de 13 anos não sabia muito bem do que estava fazendo e assim consentindo todo o namoro? Então, qual o crime?

Agora vamos pensar em outro olhar. Esse olhar é visto para muitos como tradicionalista, conservador e antiquado. Talvez seja. Vou deixar pra vocês essa resposta. Seguindo aquela linha de estudos sobre a importância dos conceitos e da evolução da família e da sociedade, será que não estamos “naturalizando” e instigando a sexualidade infantil muito precocemente? De pequenos adultos à crianças, podemos pensar que o conceito de infância foi uma conquista: dar espaço e tempo para que a criança se constitua e descubra o mundo sem as dificuldades do mundo adulto, entre outras coisas, foi uma conquista social. Mas com o achatamento dessa infância e com o esticamento da adolescência, o que tem acontecido é uma permissividade sexual precoce. Pensamos que hoje a sociedade é rápida, flexível e que as crianças estão preparadas para tanta informação, tão cedo. Mas será mesmo? Porque se isso fosse verdade, não teríamos indices altíssimos de crianças deprimidas (que inclusive cometem suicídio), estressadas, ansiosas, enfim, crianças com problemas psicológicos diversos (que afetam aprendizado, sociabilidade, etc). Sem falar do grande número de casos de abuso sexual infantil/adolescente.

Pensamos que elas são preparadas o suficiente e sexualizamos as relações, a infância, de forma que quando elas são vítimas de abusos, tendemos o culpá-las. E essa linha tênue fica mais tênua ainda quando a idade está entre os 13 – 16 anos.

“Ah, mas aquela menina estava pedindo, olha como ela andava vestida…”

“Essa ai tem 16 anos mas se comporta como uma de 18, é rodada, sabe tudo. Então não é crime.”

Mas será que o crime não está em permitir uma sexualidade precoce e um desenvolvimento tão rápido que jovens dessa idade se comportem como adultos? Porque eles exibem essa sexualidade “super desenvolvida” mas é frequente escutar dessas mesmas pessoas, quando mais velhas (30, 40 anos) que não sabiam o que estava fazendo, mas achavam que sabiam. Será que o crime não é mesmo do adulto por – 1: permitir uma sexualização precoce; – 2: se relacionar sexualmente com esses jovens usando o mesmo argumento de que eles provocam pois sabem o que fazem?

“Oras, isso sempre aconteceu, porque seria diferente agora?”

Então quando algo se torna cotidiano ele também se torna correto? Em algumas sociedades e famílias, adolescente devem se preocupar com estudo, com a construção identitária e com a descoberta daquilo que lhes move. Namorar faz parte, mas essa sexualidade exacerbada fica para a maioridade. E essa maioridade é alcançada subjetiva e historicamente, não deveria ser forçada e instigada socialmente.

Para adicionar mais um pimenta a essa linha de argumentação, vamos pensar no papel da escola e da sociedade. Criança e adolescente interessado na educação demoram mais tempo pra se sexualizar. Porque se eles conseguem obter prazer pelo conhecimento (que é o grande objetivo da existência de uma infância e uma adolescência) mais tempo vão dar para que o corpo e a mente evoluam em seu tempo. Quando temos uma escola desgastada, um ensino que não sabe provocar desejo e um sistema de educação que preza pela quantidade e não pela qualidade, é preciso encontrar prazer de viver em algum lugar, o mais rápido possível. E já sabemos em que lugar elas vão encontrar.

Assim, deixo mais perguntas: Nossa sociedade sexualiza as crianças cedo demais com o argumento social de que o mundo mudou e tudo está mais rápido? Temos o hábito de tirar a responsabilidade do adulto e arrumar uma maneira de sempre culpar a criança e o adolescente? Não estamos voltando a tratá-los como pequenos adultos?

Como podemos perceber, nunca é fácil determinar qual argumento é o correto. Porque, mais uma vez, cada caso é um caso. Não dá pra dizer que uma coisa é errada e outra é certa, porque ambos tem aspectos importantes a serem considerados. Ao mesmo tempo não podemos dizer que uma atitude foi determinante para um comportamento, e vice versa, porque se considerarmos toda a subjetividade desses temas, fica impossível estabelecer linhas objetivas de causa-conseqüência. Mas uma coisa fica: precisamos repensar a importância dada a sexualidade precoce na nossa sociedade e insistir na discussão sobre as questões de preconceitos de gêneros. São os temas polêmicos que evidenciam o que de pior e o que de melhor existe nas pessoas a na sociedade.

Indicações da semana

O assunto da semana passada foi o twitcam, e os dois adolescentes que protagonizaram cenas de sexo ao vivo, para mais de 24 mil pessoas. Indico a leitura do texto do @doni, que fala muito bem sobre o caso, e como a nossa sociedade influencia esse tipo de comportamento.

“Não fico chocado ou indignado, não fico preocupado com nossas futuras gerações por culpa do que estes dois fizeram. Ainda que eu entenda a indignação, a exploração por parte da mídia e a mobilização de setores pedindo mais controle da internet (para variar), minha preocupação real é com este discurso que chama a todos para esta exposição selvagem que acaba nos privando da própria subjetividade. Precisamos fazer uma escolha: devemos ser sujeitos de nosso lugar no mundo ou avatares, moedas a serem exploradas em seu potencial de troca, de produto? Quando decidirmos isso, as crianças e adolescentes entenderão a mensagem.” Leia mais aqui.

Outra indicação é o vídeo do vloger Denis Lee, sobre o sistema educacional contemporâneo. Muito bom!

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