Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Somos responsáveis pela sexualização infantil precoce

Lendo a coluna do Provocador, me lembrei do que sempre falo nas minhas palestras sobre sexualidade: os pais reclamam da sexualização precoce de seus filhos e adoram culpar a sociedade, mas não conseguem perceber a responsabilidade que eles têm nesse processo.

Não sou radical, portanto não acredito ser possível (muito menos necessário) que as crianças sejam completamente isoladas e protegidas do que acontece social e culturalmente. Mas dai ao pulo de incentivar esse comportamento há um espaço muito grande. Chegamos ao absurdo dos sutiãs com bojo para crianças! Os pais e mães não conseguem ver isso?

 

Muitas mães se desesperam porque suas filhas adolescentes se tornam mulheres muito cedo. Mas poucas admitem o quanto dessa precocidade foi patrocinada dentro de casa.

Sem moralismo, por gentileza. Mesmo eu, na minha perversidade, não consigo imaginar uma menina de seis anos usando sutiã com enchimento. Mas tem mãe que, não só consegue, como estimula.

(…)

Quer dizer que não há limites para essa adultização da infância? Gravidez na adolescência, início cada vez mais precoce da vida sexual, o corpo feminino exposto antes mesmo de existir sensualmente? Assunto encerrado?

As mães nunca querem isso para uma filha. Mas são elas que incentivam seus bebês a se comportar como modelos numa passarela. É brincadeira, dizem. Inocência pura.

(…)

Acha bom sexualizar uma criança? Quer ensiná-la a se sentir um objeto de desejo?  Tudo bem. Mas depois não venha jogar a responsabilidade na sociedade permissiva em que vivemos. Cuida da sua filha, mulher.

 

Tenho duas palestras sobre o tema, disponíveis aqui e aqui.

2 Comments

  1. Raquel de Almeida Lima

    Minha filha é uma adolescente tem 15 anos ela teve sua primeira relação sexual ao 13 anos escondido e só fiquei sabendo depois de 2 anos então ela se tornou uma mulher precoce estou certa obrigada aguardo a resposta.

    • Aline Sieiro

      Raquel, é difícil explicar a especificidade da situação de sua filha à distância, sem conhecer mais detalhes da história. Não conseguimos afirmar com certeza que efeitos toda essa experiência teve na sua filha. Mas se você está precisando de ajuda para tentar entender melhor essa situação, recomendo que você procure algum profissional na sua cidade que possa te receber e tentar entender melhor o que está acontecendo, para posteriormente poder te ajudar. Se desejar, podemos também conversar um pouco mais sobre essa situação. Fica a sua decisão. Detalhes: http://www.alinesieiro.com.br/atendimento/

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