Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Categoria: Tecnologia (Page 2 of 4)

Documentos comprobatórios do Lattes? Oh não…

Se você tem algum envolvimento com o currículo lattes, esse texto é pra você. Pode pular para o item Proposta. Vou fazer um apelo e tenho certeza que você também vai gostar da idéia. Agora se você não conhece o Lattes, leia que o texto é grande mas muito interessante!

Mas o que é o Lattes?

Segundo o site do CNPq, a plataforma Lattes é a base de dados de currículos, instituições e grupos de pesquisa das áreas de Ciência e Tecnologia. Seu objetivo é compatibilizar e integrar as informações coletadas em diferentes momentos de interação da Agência (como Cnpq e Capes) com seus usuários, objetivando aprimorar a qualidade da sua base de dados e racionalizar o trabalho dos pesquisadores e estudantes no fornecimento das informações requeridas pelo Conselho.

Mas pra que tudo isso? Por que não um currículo simples?

O sistema de currículos Lattes surgiu da necessidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de gerenciar uma base de dados sobre pesquisadores em C&T para credenciamento de orientadores no país. Antes do Lattes, tudo isso era feito em papel, em um sistema de currículos específico para credenciamento de orientadores (MiniCurrículo). Nessa época, a Agência acumulou cerca de 35 mil registros curriculares da atividade de C&T no país. Embora esses instrumentos tenham viabilizado a operação de fomento da Agência, a natureza das informações dificultava uma plena utilização dessa base de dados em outros processos de gestão em C&T. Por exemplo, não era possível separar co-autores ou mesmo contabilizar índices de co-autoria nos currículos.

Tá, mas agora me explica como se eu tivesse 5 anos!

O currículo Lattes permite à Instituição uma fácil visão e avaliação curricular dos docentes e discentes contemplando os seguintes pontos (via Wikipedia):

  • Estabelecer uma imagem institucional nos sensos;
  • Formação de grupos de trabalho e pesquisa;
  • Avaliar o seu trabalho enquanto pesquisador;
  • Diagnosticar o perfil do pesquisador com outros dentro de sua área de atuação.
  • possibilita a visibilidade da produção docente por grupos de pesquisa consulta em qualquer lugar do pais;
  • possibilidade de concessão de passagens para eventos científicos;
  • participação de projetos.
  • Em geral os órgãos de fomento consultam o currículo Lattes tornando-se de suma importância para as avaliações de produção científica.

Resumindo até agora

Para avaliar com mais facilidade alunos e professores envolvidos no meio acadêmico bem como as instituições em que eles fazem parte, o Lattes foi criado para que existisse apenas um único modelo de apresentação de dados. A partir da análise do currículo Lattes as pessoas/instituições podem pedir bolsas, financiamentos e verbas das agências governamentais. A coisa funcionou tanto que ele virou referência para concursos e até mesmo para o mercado de trabalho (algumas empresas já se baseiam no Lattes para escolha de candidatos).

Problemas

Mas nem tudo é lindo como parece. O lattes é cheio de problemas técnicos, problemas que os usuários reclamam desde o começo mas são obrigados a continuar usando. Para exemplificar um deles, você não pode simplesmente entrar e inserir os dados, digitando. É preciso escolher os dados num banco de dados da plataforma. Caso ainda não tenha cadastrado aquilo que você quer escrever, então primeiramente você precisa cadastrar para depois inserir o dado no seu currículo. Imagina fazer isso todo mês e com mil dados diferentes (do Brasil inteiro!)!!! Muitas pessoas passam meses com o Lattes desatualizado, exatamente pelo trabalho que é mantê-lo em dia. Mas se essa pessoa está em contato permanente com o meio acadêmico, é preciso deixar o Lattes sempre atualizado. Isso significa inserir toda e qualquer produção que esta pessoa esteja fazendo (apresentações, publicações, artigos e por ai vai). Quando você é inciante isso parece simples. Mas imagine depois de 10 anos de academia. A coisa vai ficando tensa.

Todo mundo que se preze no meio acadêmico tem um lattes. É a primeira coisa que a gente pesquisa quando quer saber mais (profissionalmente) sobre uma pessoa e sua formação. Lendo seu lattes eu sei “de onde você vem” e o que você tem feito. Dou aqui alguns exemplos de Lattes para que vocês entendem do que se trata: o meu, o da minha mãe e do meu orientador.

Outro grande problema está na tal comprovação. Aqui no Brasil confiança não é uma coisa que a gente tenha de sobra. E as pessoas começaram a mentir, inventar dados na hora de preencher o lattes. Então todas as instituições que utilizam o lattes começaram a pedir os documentos que comprovam que aquelas informações digitadas são verdadeiras. Ah, então você apresentou trabalho em evento? Onde está o certificado? Ah, então você publicou um artigo? Onde está a cópia dele na revista científica ou no livro? Ah, então você foi convidado pra dar aula ou ganhou um prêmio? Onde está o comprovante disso?


Agora você imagina o tamanho da pasta de documentos comprobatórios para uma pessoa como a minha mãe ou o meu orientador? Vocês deram lá uma olhada no currículos deles? Pois é, tem que comprovar CADA UM daqueles itens. Com papéis (xerox). O meu que ainda é curto já dá um trabalhão!!! E quem está envolvido com o meio acadêmico acaba tendo que fazer essa comprovação (documentos xerocados entregues e não devolvidos) muitas vezes no ano. As agências e instituições dizem que isso é necessário pois tudo precisa ficar devidamente comprovado e arquivado. Então o que fazer para não enlouquecer cada vez que for preciso comprovar os dados do lattes?

Proposta

Se os documentos são sempre os mesmos e só vão sendo acrescentados, por que não digitalizá-los e montar um arquivo digital e/ou online? No momento em que surgir a necessidade de comprovação, basta enviar um email com todos os arquivos (no formato desejado pela instituição, PDF por exemplo) ou colocar toda documentação em um CD. Assim não seria necessário gastar árvores e mais árvores com os papéis de xerox, além da economia de tempo e dinheiro.

1. Ah, mas as instituições precisam guardar toda documentação em arquivo para que no futuro tenham como comprovar, caso ocorram problemas.

Ok, se entregamos toda a documentação em CD, esse CD pode ser arquivado tanto quanto eram arquivados os papéis. Ainda ocupando menos espaço em armários. Se as informações forem enviadas por email a instituição pode criar um banco de dados online com direito a backup – que aliás é muito mais seguro.

2. Ah, mas CD estraga!

E papel não? Papel mofa, é comido por cupim e pode pegar fogo.

3. Ah, mas ai cada um vai entregar em um formato diferente, em um CD ou programa diferente e teremos problemas para abrir os arquivos, vai dar muito trabalho.

Uma adaptação será necessária, isso é fato. Toda mudança exige adaptações e problemas não previstos podem acontecer no caminho. Mas é possivel começar instituindo em que formato os arquivos serão aceitos e criando regras a respeito dessa entrega.

4. As pessoas podem alterar documentos no formato digital. Como vamos no precaver contra falsificações? Só o papel tem esse poder. (Tá essa última frase foi irônica!)

Quando as pessoas querem falsificar um documento elas falsificam no formato digital, no papel e em qualquer lugar. Problemas com falsificações ocorrem em qualquer formato. Até porque as xerox que entregamos não são autenticadas em cartório e mesmo se fossem também seriam passíveis de falsificação. Sempre existirão pessoas tentando enganar o sistema, isso independe do formato.

Bom, eu poderia ficar aqui descrevendo os mil problemas que as agências e as instituições vão criar. Mas ao invés disso vou gastar o final do meu texto fazendo um apelo:

Se você é professor e está envolvido em bancas de concursos, escritas de textos dos editais ou é funcionário das agências de fomento, esse apelo é para você. Sabe quando dizem que não é possível mudar o mundo mas é possível mudar nossa realidade? Então, essa é hora. Proponha essa idéia ai no seu campo de trabalho. No próximo edital de concurso, vagas, bolsas ou qualquer um deles, peça a comprovação do lattes em formato digital. Se quiser eu ajudo você a pensar melhor nessa idéia. Mas vamos mudar essa forma caquética e antiquada de fazer as coisas na academia. Essa é a hora!

Os alunos agradecem, as árvores agradecem, o nosso bolso agradece e tenho certeza que você também vai agradecer depois de perceber os benefícios.

Podcast Episódio 7 – A “pedagogização” da internet

Nesse episódio eu e a prof. Dilma conversamos sobre o uso da internet e de novas tecnologias na educação (twitter, facebook, video-games, etc), inclusão digital e reconhecimento de produção acadêmica em novas linguagens na internet.

Mencionado durante a gravação:

Revista A Margem (PET Letras/UFU)

Lentamente, computador faz diferença na escola

Reportagem de Luciano Máximo – VALOR

Educação: Infraestrutura para uso de informática na sala de aula ainda avança mais rapidamente que conteúdo

Há algo diferente na escola municipal de ensino fundamental Ernani Silva Bruno, localizada na Parada de Taipas, periferia no extremo oeste da capital paulista. Em meio ao corre-corre de crianças na hora do recreio nota-se vários alunos seriamente concentrados na tela de seus pequenos computadores portáteis coloridos, que mais parecem brinquedos à primeira vista. Conectado no Google, Igor do Nascimento, da 7ª série, aproveita o intervalo para adiantar um trabalho sobre doenças sexualmente transmissíveis. Já Daniel Duarte, da 5ª, não desgruda os olhos de um videogame sanguinário. Outros teclam compulsivamente em alguma sala de bate-papo online.

A cena se repete em classe, com variações no conteúdo. O uso do computador é realidade no processo de ensino dos 600 alunos do 1º ao 9º ano da escola, que desde 2007 abriga a fase pré-piloto do programa federal Um Computador por Aluno (UCA), assim como em outras quatro escolas públicas de Brasília, Palmas, Piraí (RJ) e Porto Alegre. Com o laptop XO, que pesa 1,5 kg e tem 25 cm de largura e de comprimento e acesso à internet sem fio, os alunos publicam suas redações no blog da escola e contam com a internet e softwares pedagógicos para aprender inglês, ciências, geografia e matemática.

Para os estudantes, a ideia é “muito legal”. “A gente fica com vontade de fazer as coisas dentro da escola, de escrever, de pesquisar”, conta Jeferson Rodrigues Gomes, de 11 anos. O aluno da 5ª série foi eleito monitor e assumiu a responsabilidade de estar na escola fora do horário para ajudar os professores na preparação das aulas e os colegas no manuseio do XO, que foi desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Melhor do que ficar vendo televisão em casa”, diz o garoto.

A escola tem oito monitores que se revezam nas 18 salas de aula. “A participação, estimulando a responsabilidade e o espírito cooperativo, faz parte do projeto pedagógico criado para o trabalho com os laptops. Os alunos ficam menos dependentes e, muitas vezes, são eles que ensinam o professor”, relata Edna Oliveira Telles, coordenadora pedagógica da unidade.

Para educadores e especialistas, o computador na sala de aula não é encarado como panaceia, mas um elemento a mais que pode ajudar a melhorar a educação. “É preciso saber usar com planejamento”, afirma a professora da 1ª série Marília de Castro Carneiro. No primeiro ano do UCA, a 9º série da escola tirou 3,4 no Ideb – avaliação do Ministério da Educação (MEC) que considera fluxo escolar e desempenho em português e matemática. A nota do ano passado subiu para 4,5, acima da média da rede pública municipal, de 4,2. Os diagnósticos internos também indicaram avanços no período: menor índice de faltas e melhor rendimento em temas como oralidade, raciocínio matemático e interpretação e produção de textos. As outras escolas do UCA também melhoraram as notas do Ideb – apenas uma manteve a pontuação

Apesar das boas notícias, a coordenadora pedagógica do Ernani Silva Bruno é cuidadosa ao atribuir os avanços somente à utilização do laptop. “Claro que o aluno fica mais cuidadoso ao escrever, sabendo que sua redação vai para um blog que todo mundo vai ler. Mas também temos que considerar as aulas de reforço, o desempenho dos professores e as atividades do conselho escolar”, pondera Edna.

As avaliações educacionais atuais ainda não capturam o impacto do uso da tecnologia em termos qualitativos. “É difícil isolar o componente da tecnologia para medir qualidade, é muito recente, não há base de comparação. Estamos interessados em entender isso, contratamos a Unesco e começamos a elaborar estudos próprios”, informa Carlos Eduardo Bielschowsky, secretário de educação a distância do MEC, área do governo federal responsável pelo UCA e outras políticas de tecnologia educacional.

Depois de dois anos de atraso por causa de problemas na licitação, vencida pela CCE, o MEC quer concluir até o fim de 2010 o projeto piloto do UCA, que prevê a distribuição de 150 mil laptops para 300 escolas de ensino fundamental e médio do país. O custo por máquina é de R$ 550, num total de R$ 82,5 milhões, além de outros investimentos. “Não é uma ação trivial. O MEC precisa prover equipamentos, rede wireless, servidor, material pedagógico e capacitação do professor”, acrescenta Bielschowsky. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibiliza linha de crédito de R$ 660 milhões para prefeituras e governos estaduais participarem da expansão do projeto.

Mesmo com constatações positivas, o Brasil está longe de concretizar o plano de ter um computador por aluno na rede pública – para isso, seriam necessários mais de R$ 25 bilhões apenas para a compra dos laptops. Em todo o mundo, isso é realidade apenas nas séries primárias do Uruguai. Suécia, Finlândia, Coreia do Sul e Inglaterra estão bastante adiantados. A estratégia das políticas públicas brasileiras foca o trinômio infraestrutura (universalização do acesso à internet nas escolas e superação do sucateamento dos laboratórios de informática), capacitação maciça de professores e conteúdo (sistematização do material didático associado a vários tipos de tecnologias).

As três esferas de governo ampliaram os investimentos para o cumprimento dessas prioridades nos últimos anos. No âmbito federal, os recursos somam cerca de R$ 1 bilhão desde 2006. O MEC garante, por exemplo, que todas as escolas urbanas da rede pública municipal e estadual terão cobertura de internet de banda larga até dezembro, ação que beneficiará mais de 35 milhões de estudantes. A meta faz parte do contrato de concessão dos serviços de telefonia fixa, negociado entre governo federal e operadoras do setor em 2008. Cerca de 47 mil unidades escolares, ou 72%, haviam sido conectadas até junho. O ministério também destaca a instalação de mais de 20 mil laboratórios de informática e o registro de 330 mil professores em vários tipos de cursos sobre educação digital, em 2009.

No dia a dia de alunos e profissionais da educação, porém, a percepção é de que o trinômio infraestrutura, capacitação e conteúdo não avança no mesmo passo.

Kátia Duque Estrada, professora de matemática da 5ª série da Escola Estadual Sérgio da Costa, na Zona Norte de São Paulo, lamenta a falta de apoio para usar a informática em suas aulas. “Quando dá para descer para o laboratório, ensino as crianças a fazer fórmulas e gráficos, mas é só o que sei sobre Excel. Gostaria de fazer mais cursos”, conta ela. “Tiramos leite de pedra aqui”, acrescenta a diretora Renata Andréa Diório, se referindo à situação da sala de informática, insuficiente para atender aos 1.400 alunos do colégio. Dos 27 computadores, 14 estão em manutenção. “Chegaram ao ponto de roubar peças de algumas máquinas, tivemos que registrar ocorrência na delegacia.”

A professora de português Sandra Martins Modesto, que coordena uma série de atividades extracurriculares, também reclama da falta de recursos e diz que as tecnologias não são bem aproveitadas no colégio. “Começamos um jornal que envolveu 300 alunos e ajudou muito no ensino. Na fase final de produção, às vezes ficava em casa conectada com muitos deles. Muita coisa não dava para ser feita no laboratório”, reconhece. “A gente percebe que a atualização tecnológica da escola é mais lenta que o normal”, constata o redator-chefe da publicação escolar “Construindo o Futuro”, o aluno Matheus Mendes. Viciado em pesquisa na internet, o colega Luan Cardoso complementa: “Com a internet, o aluno não se limita, pode ir além do que o professor ensina.”

A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo afirma que a instalação de banda larga nas escolas começou em 1998 e os laboratórios de informática da rede receberam 52,4 mil computadores com o programa Acessa Escola – os investimentos em equipamentos passaram de R$ 44 milhões em 2009 para R$ 76 milhões este ano. As salas de informática ganharam aspecto de lan house, com acesso diário dos alunos e da comunidade, nos fins de semana. Os responsáveis pelos espaços são os próprios estudantes do ensino médio, que são contratados pelo governo. No total, 10,1 mil estagiários, com bolsa-auxílio de R$ 340 para uma carga horária diária de quatro horas de trabalho, atuam em 2.081 escolas. Até o fim do ano, outras 1.449 unidades terão novos laboratórios.

Segundo a coordenadora de tecnologia da educação do Acre, Rosa Braga, o uso do computador e da internet para o ensino ainda engatinha no Estado. Laboratórios de informática desatualizados e falta de preparo do quadro docente são os principais problemas. “Como o professor não era incluído digitalmente, primeiro ele tem que se apropriar das tecnologias, e isso está sendo ampliado, com 3 mil professores em capacitação, mas leva tempo. Temos que ter paciência pedagógica”, explica Rosa.

Em Goiás, dos 37 mil professores da rede estadual, mais de 20 mil participaram de cursos a distância sobre a integração de tecnologias ao contexto educacional, mas eles estão diante de uma estrutura bastante limitada: são 1.200 escolas e 841 laboratórios de informática. “Como a tecnologia vai melhorar a educação se vivemos uma realidade de escolas com 2 mil alunos para 40 computadores? Nesse contexto o computador não é decisivo”, argumenta a educadora Milca Severino, secretária estadual da Educação de Goiás.

No Paraná, Estado com o maior Ideb do ensino médio do país, os projetos de tecnologia da informação começaram em 2004, com ações de inclusão digital envolvendo alunos e professores e a modernização dos laboratórios de informática, ações que demandaram investimentos de R$ 130 milhões. Em 2007, antes do programa de banda larga do MEC, as 2.100 escolas estaduais, nas zonas urbanas e rurais, estavam conectadas à internet.

A diretora estadual de tecnologia educacional do Paraná, Elizabete dos Santos, conta que todas as atividades pedagógicas lançam mão de algum recurso tecnológico. “À medida que o professor se aproxima das tecnologias, nossa proposta é aproveitar ao máximo o potencial que elas têm no ensino. O primeiro passo é conhecer e depois ampliar, sempre com avaliação crítica”, comenta. As ferramentas mais usadas são o portal “Dia a Dia da Educação”, site onde professores compartilham suas aulas com outros colegas e os alunos contam com várias opções de conteúdo, e a “famosa” televisão laranja, equipamento multimídia instalado em cada uma das 22 mil salas de aula paranaenses.

A estratégia da prefeitura do Rio de Janeiro é transformar cada sala de aula num laboratório de informática improvisado. A prefeitura planeja gastar entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões em projetores, caixas de som e laptops, além de conexão de internet sem fio, reformas e medidas de segurança. Os equipamentos serão instalados inicialmente em 5 mil classes e os alunos se dividirão em trios para usar os computadores para acompanhar as aulas preparadas no portal Educopédia e atividades online – as máquinas não serão dadas aos estudantes. “Ainda seguimos um modelo de laboratórios de informática, que é falido. A tendência mundial é diminuir o gap da construção de conhecimento entre aluno e professor e isso não acontece sem a tecnologia”, analisa Rafael Parente, da área de projetos estratégicos da Secretaria Municipal da Educação do Rio.

O buraco no muro

O tempo passa e a discussão sobre educação e tecnologia continua a mesma. Em 2008 fiz alguna textos sobre o tema e eles ainda continuam atuais, e isso não é uma coisa boa. Hoje minhas pesquisas em tecnologia já avançaram desde que comecei a promblematizar, lá em 2008. Mas é uma pena perceber que os medos continuam os mesmos.

Por isso coloco esse vídeo muito bom, que fala sobre um trabalho muito interessante realizado na India. Aos poucos vamos mudando um pouco a mentalidade das pessoas. E assim vamos trabalhando seus desejo e resistências.

Indicações da semana

O assunto da semana passada foi o twitcam, e os dois adolescentes que protagonizaram cenas de sexo ao vivo, para mais de 24 mil pessoas. Indico a leitura do texto do @doni, que fala muito bem sobre o caso, e como a nossa sociedade influencia esse tipo de comportamento.

“Não fico chocado ou indignado, não fico preocupado com nossas futuras gerações por culpa do que estes dois fizeram. Ainda que eu entenda a indignação, a exploração por parte da mídia e a mobilização de setores pedindo mais controle da internet (para variar), minha preocupação real é com este discurso que chama a todos para esta exposição selvagem que acaba nos privando da própria subjetividade. Precisamos fazer uma escolha: devemos ser sujeitos de nosso lugar no mundo ou avatares, moedas a serem exploradas em seu potencial de troca, de produto? Quando decidirmos isso, as crianças e adolescentes entenderão a mensagem.” Leia mais aqui.

Outra indicação é o vídeo do vloger Denis Lee, sobre o sistema educacional contemporâneo. Muito bom!

Modernidade ou Pós Modernidade?

Antes de começar é importante dizer que existem grandes discussões acerca da nomenclatura que se dá para um conjunto de características da nossa sociedade vigente. Alguns autores acreditam que estamos na era moderna enquanto outros defendem a existência de uma pós-modernidade. Não vou resolver essa questão, apenas apresentarei alguns pontos para discutir um pouco as características que compõem esse momento que chamo de modernidade. (Isso aqui é só um pedacinho de uma pesquisa, ok?)

Para alguns autores como Jair Santos, modernidade se refere às mudanças ocorridas nos últimos dois ou três séculos, representando liberdade e autonomia. O indivíduo passa a ter consciência de si, tornando-se cidadão e sujeito histórico. Rompem-se todas as barreiras econômicas, políticas, sociais e culturais. O fácil acesso à informação aproxima os homens e as civilizações. O homem moderno está em contato com todos os homens do presente e do passado, do contemporâneo ao ancestral.

Já o pós-moderno nasce com a computação, e oferece à sociedade muitas facilidades trazidas pelas tecnologias, porém tem um lado negativo: limita as sociedades de forma abrupta. Isso porque na modernidade se buscava a essência do ser, e agora no pós-moderno as pessoas recebem tudo pronto com o advento da tecnologia, e esquecem de pensar. O pós-moderno chegou com a tecnologia de forma a deixar as pessoas mais presas em suas individualidades.  No plano econômico, o modelo é chamado capitalismo flexível, no qual o homem se entrega ao presente e ao prazer, ao consumo e ao individualismo. Jair Santos diz que o ambiente pós-moderno é basicamente isso: entre os indivíduos e o mundo estão os meios tecnológicos de comunicação, que não informam sobre o mundo e sim o refazem à sua maneira.

Gérard Raulet associa modernidade ao marxismo. Para ele, Marx via na modernidade não só a contradição inerente à sociedade, mas também à expressão da irracionalidade da realidade. Na modernidade, portanto, existiria uma relação complexa entre racionalidade e irracionalidade surgida pela realização da razão e da irracionalidade ao mesmo tempo. Ainda falando de Marx, ele relembra que os marxistas contemporâneos não aceitam a existência de uma pós-modernidade porque, para que esse tempo existisse, a modernidade teria que estar morta e isso ainda não aconteceu. Uma organização social nunca desaparece antes de desenvolver todas as forças produtivas que ela é capaz de conter e, sendo assim, seria necessário primeiro esgotar a modernidade, para aí sim falar na possível existência de uma pós-modernidade.

Para Siqueira, a pós-modernidade é um contexto histórico que se caracteriza por profundas transformações no campo tecnológico, na economia, na cultura e nas formas de sociabilidade, assim como na vida cotidiana. Ele acredita que a pós-modernidade é um fenômeno que expressa uma cultura globalizada e de ideologia neoliberal.

Jair Santos acredita que as relações entre modernidade e pós-modernidade são ambíguas. Ele defende que o individualismo atual nasceu com o modernismo, mas o seu exagero narcisista é um acréscimo pós-moderno. O homem moderno mobilizava massas para amplas lutas políticas; o homem pós-moderno atua apenas no microcosmos do cotidiano. Assim, o pós-modernismo é caracterizado pela tecnologia eletrônica de massa e individual visando a saturação de informações. Na era da informática lida-se mais com o signo do que com as coisas. Portanto, no pós-modernismo a sociedade é ávida pelo consumo personalizado, que tenta a sedução do indivíduo isolado para que usem seus bens de serviço. Por isso, o pós-modernismo encarna estilos de vida nos quais imperam o nada, o vazio, a ausência de valores e de sentido para a vida, e por isso se entrega ao presente, ao prazer, ao consumo e ao individualismo.

Segundo Taschner, a pós-modernidade por vezes aparece como um momento que sucede a modernidade, e em outros momentos aparece como uma era que se contrapõe a ela. Para ele, muitos são os teóricos que apontam a inexistência de um momento pós-moderno, pois entendem que esse momento estaria ainda incluído na modernidade.

Para Jair Santos, o pós-modernismo surge em termos de consumo e informação. Porém, ele admite a existência de debates em relação ao termo correto para nomear a atualidade, e por isso acredita que ainda não é possível dar uma definição correta e certa se o momento em que vivemos é modernidade ou pós-modernidade. Essa discussão é ampliada por Taschner, que relembra que essa temática pós-moderna vem sendo amplamente discutida pelas mais diversas áreas do saber. Esses estudiosos partem do pressuposto que a crise da modernidade consiste na situação de que a ciência moderna não mais proporciona as bases teóricas que possam apreender a possível condição pós-moderna, ou seja, a realidade contemporânea.

Harvey, outro estudioso desse assunto, defende que as mudanças que ocorrem na atualidade são, na verdade, não uma pós-modernidade, e sim um novo ciclo de compreensão do tempo-espaço na organização do capitalismo. Ele complementa, portanto, que a chamada pós-modernidade é caracterizada por transformações que acontecem no cotidiano e que se pauta na sociedade capitalista, numa nova fase que se mostra extremamente flexível. Se essas transformações ocorridas pautam-se na estrutura capitalista, então as relações modernas mudam principalmente em relação ao espaço/tempo.

Tratando mais especificamente do capitalismo, Sennet fala do chamado capitalismo flexível, um sistema que enfatiza a flexibilidade e ataca a rotina. Está sempre exigindo dos indivíduos agilidade e abertura para mudanças em curto prazo; o indivíduo precisa aprender a correr riscos e depender cada vez menos de leis e procedimentos formais. Este autor relembra que antes o tempo era linear, as conquistas eram cumulativas, o tempo era previsível e a sociedade reconhecia o indivíduo por suas conquistas individuais. Porém, com o advento do capitalismo flexível, o curto prazo instaura uma perda de controle, que corrói a confiança, a lealdade e o compromisso mutuo. A flexibilidade exigida corrói os laços em longo prazo, pois ser dependente neste momento não é desejado.

Outro autor, Berman aborda a modernidade enquanto campo de divergências e construções, e ao mesmo tempo de caos, fragmentação produtiva, social e psíquica, alienação e exploração física e mental. Para ele, a sociedade moderna vive sob um sistema de renovação, cuja destruição é a única possibilidade de existência. Por isso a dialética da modernidade encontra-se na existência de opostos. A modernidade seria somente um nome dado a um novo estado de coisas, uma nova configuração das relações, a existência de uma nova tecnologia, e com essas mudanças o homem passou a ser substituível.

Mas porque discutir modernidade e pós-modernidade? Que importância isso tem na vida e no dia-a-dia das pessoas? O adoecer, eu diria.

(Continua…)

Podcast Episódio 05 – Educação a Distância

Neste Podcast, eu (Aline Accioly) e a Prof. Dilma Mello conversarmos sobre Educação a distância. Discutimos sobre as concepções e preconceitos que existem sobre o assunto.

Outras opiniões sobre o tema:

Educação a um clique

A educação ideal

Estude Psicologia de Graça

Educação a distância: construção de uma proposta sócio-interacionista com mediação tecnológica

Citações:

Moodle

Chat Educacional

Etienne WengerComunidades colaborativas

Vera MenezesO papel da educação a distância

Heloisa CollinsEducação a distância para inclusão social

Maximina Freire

Conceito de PresençaAqui também

Audio Books

Como vocês já devem saber, tenho um filho com baixa visão. E não é de hoje que me envolvo em projetos e estou sempre atenta a tudo que acontece sobre deficiência visual.

Sempre tive vontade de gravar audio books, pensando nele e em outras crianças e adolescentes, porque vejo que muito do que já temos é voltado para um público adulto. Hoje tive a felicidade de encontrar dois projetos que já estão fazendo este trabalho. Em um deles, você pode se voluntariar, e gravar livros em português ou em qualquer outra língua.

O primeiro projeto é brasileiro, e você pode ver aqui: Projeto Audiolivros

O segundo não é brasileiro, mas também possui livros em português: LibriVox – Aqui está o catálogo dos livros já gravados, em português.

Se inscrevam e façam também parte desse projeto!

A Resistência

O mundo segue em frente, cada vez mais caótico. E os que nós, seres humanos, fazemos para dar conta de tudo? Tentamos nos conectar. Tentamos, com unhas e dentes, nos colar uns nos outros, na esperança de que isso não evite nosso desaparecimento no meio de tanto caos. Por que você acha que as redes sociais fazem tanto sucesso?
Com tanta coisa pipocando por ai, todo dia e toda hora, a sensação que temos é que vamos desaparecer. Percebemos nossa pequenez, nossa infimidade toda hora. Somos só mais um cliente que reclama do mau atendimento; só mais um @ no twitter; só mais um na fila do cinema; só mais um blog falando sobre algo supostamente interessante; só mais um beijo na boca de alguém na balada… sempre só mais um… Se somos assim tão irrelevantes, o tal grão de areia na praia, como fazer para se sentir algo mais, alguém coisa que vale a pena conviver?
A gente faz música, faz poema, faz podcast, faz blog, faz foto pelado para o #lingerieday… Vamos fazendo aqui e ali, e principalmente, vamos fazendo sintoma. Americano nunca gostou tanto de falar em distúrbio: distúrbio sexual, do aprendizado, do soluço, chega a ser ridículo… Mas o que não é nada ridículo nisso é a tentativa que vamos fazendo em ser algo, em inscrever, deixar uma marca que seja nesse caos todo. Nossos sintomas, nossos blogs estão ai para testemunhar um momento. Por que, no final de tudo, é isso que fazemos, nessas tentativas de se conectar, a gente testemunha tamanha confusão, interna e externa.
Então, por que ainda procurar um psicanalista com tudo isso acontecendo? Com twitter, com blog, com lugares pra falar dos sintomas, com redes sociais cheia de pessoas para escutar, compartilhar, dar pitaco, porque a psicanálise ainda seria relevante ?
“Hoje em dia, a Comunicação Social é espelho do grande mal-estar de nosso tempo, mal-estar esse que, grosso modo, pode ser definido como a angústia fundamental sobre a qual o ser humano se estrutura como sujeito e que é fruto da luta entre o chamado princípio do prazer (liberdade das pulsões) e o princípio de realidade (necessidade de freá-las).”
A gente se deixa levar por essa sensação de aconchego que esses meios nos trazem, mas somente isso não basta. E “como não se fascinar com os apelos da mídia? Há promessa de visibilidade (elemento sem dúvida fundamental para a constituição narcísica de nós humanos), e, quem sabe, a promessa de reconhecimento ( de um público amplo, mas não menos importante, reconhecimento entre seus próprios pares). Mas, não se pode esquecer, há também a oferta de que a presença na mídia terá como efeito a transmissão, para um público mais amplo, de idéias e informações que, em geral, estão restritas a um público muito menor.”
Nesse sentido, a psicanalise ainda é relevante, porque não precisamos continuar somente a testemunhar o caos. E também de nada nos adianta continuar denunciando, porque a denuncia nos coloca ainda como testemunhas. A Psicanálise está ai para lembrar que podemos, acima de tudo, resistir.
“Resistência, resistência, resistência – repetiu Antonio Negri em vários momentos de sua intervenção, ressaltando as vias pelas quais o sujeito poderá efetuar esse novo Renascimento, como aquele italiano há 500 anos: através da atualização de seu desejo. E não é mesmo isso o que a vida moderna, bem como a própria psicanálise, nos impo”
“O que é preciso reconhecer é que a imagem é simultaneamente o espelho da realidade e da fantasia. Cada imagem é assim a construção de uma nova realidade, que já não pode ser a realidade pura e perfeita desejada no controle seguro de nosso psiquismo. A Psicanálise é uma prática e um saber voltados para a compreensão dos movimentos e conflitos cotidianos das imagens que construímos de nós mesmos, nenhuma delas verdadeiramente real ou apenas fantasiosas. A imagem não é o “vilão” que oculta um verdadeiro conteúdo. A imagem não é ilusão. Mas também não é causa de desilusões.”

O mundo segue em frente, cada vez mais caótico. E os que nós fazemos para dar conta de tudo? Entre tantas coisas, tentamos nos conectar. Com unhas e dentes, tentamos nos colar uns nos outros, na esperança de que isso possa evitar nosso desaparecimento no meio de tanto caos. Por que você acha que as redes sociais fazem tanto sucesso?

Com tanta coisa pipocando por ai, todo dia e toda hora, a sensação que temos é que vamos desaparecer. Percebemos nossa pequenez e nossa infimidade toda hora. Somos só mais um cliente que reclama do péssimo atendimento; só mais um @ no twitter; só mais um na fila do cinema; só mais um blog falando sobre algo supostamente interessante; só mais um beijo na boca de alguém na balada… sempre só mais um… Se somos assim tão irrelevantes, o tal grão de areia na praia, como fazer para se sentir algo mais, alguém que vale a pena conviver e escutar?

A gente faz música, faz poema, faz podcast, faz blog, faz foto pelado para o #lingerieday… Vamos fazendo aqui e ali, e principalmente, vamos fazendo sintoma. Americano nunca gostou tanto de falar em distúrbio: distúrbio sexual, do aprendizado, do soluço, chega a ser ridículo… Mas o que não é nada ridículo nisso é a tentativa que vamos fazendo em ser algo, em inscrever, deixar uma marca que seja nesse caos todo. Nossos sintomas, nossos blogs estão ai para testemunhar um momento. Por que, no final de tudo, é isso que fazemos, nessas tentativas de se conectar, a gente testemunha tamanha confusão, interna e externa.

Então, por que ainda procurar um psicanalista com tudo isso acontecendo? Com twitter, com blog, com lugares pra falar dos sintomas, com redes sociais cheia de pessoas para escutar, compartilhar, dar pitaco, por que a psicanálise ainda seria relevante ?

“Hoje em dia, a Comunicação Social é espelho do grande mal-estar de nosso tempo, mal-estar esse que, grosso modo, pode ser definido como a angústia fundamental sobre a qual o ser humano se estrutura como sujeito e que é fruto da luta entre o chamado princípio do prazer (liberdade das pulsões) e o princípio de realidade (necessidade de freá-las)

A gente se deixa levar por essa sensação de aconchego que esses meios nos trazem, mas somente isso não basta. E  “como não se fascinar com os apelos da mídia? Há promessa de visibilidade (elemento sem dúvida fundamental para a constituição narcísica de nós humanos), e, quem sabe, a promessa de reconhecimento ( de um público amplo, mas não menos importante, reconhecimento entre seus próprios pares). Mas, não se pode esquecer, há também a oferta de que a presença na mídia terá como efeito a transmissão, para um público mais amplo, de idéias e informações que, em geral, estão restritas a um público muito menor.”

Nesse sentido, a psicanalise ainda é relevante, porque não precisamos continuar somente a testemunhar o caos. E também de nada nos adianta continuar denunciando, porque a denuncia nos coloca ainda como testemunhas. A psicanálise está ai para lembrar que podemos, acima de tudo, resistir.

“Resistência, resistência, resistência – repetiu Antonio Negri em vários momentos de sua intervenção, ressaltando as vias pelas quais o sujeito poderá efetuar esse novo Renascimento, como aquele italiano há 500 anos: através da atualização de seu desejo. E não é mesmo isso o que a vida moderna, bem como a própria psicanálise, nos impõe”

“O que é preciso reconhecer é que a imagem é simultaneamente o espelho da realidade e da fantasia. Cada imagem é assim a construção de uma nova realidade, que já não pode ser a realidade pura e perfeita desejada no controle seguro de nosso psiquismo. A Psicanálise é uma prática e um saber voltados para a compreensão dos movimentos e conflitos cotidianos das imagens que construímos de nós mesmos, nenhuma delas verdadeiramente real ou apenas fantasiosas. A imagem não é o “vilão” que oculta um verdadeiro conteúdo. A imagem não é ilusão. Mas também não é causa de desilusões.”

Citações daqui: A Psicanálise e as Mídias Sociais e A Imagem da Imagem

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