Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Categoria: Tecnologia (Page 3 of 4)

Direto do quadrado

O mundo contemporâneo é feito de pessoas atrás de quadrados. Os quadrados são muitos, e cada vez aumentam mais. É a televisão, o computador, os vídeo games, notebooks, televisões maiores ainda, DVDs portáteis, celulares com tudo dentro…

O mundo atrás das caixas é um mundo aparentemente mais fácil. Quando estamos sentados em frente ao quadrado, não precisamos encarar a realidade de nossas vidas. Deixamos de fora do quadrado o que quisermos, e podemos ser qualquer coisa: protagonista de novela, galã de série de TV americana… Podemos esquecer que as contas estão vencendo e o dinheiro está faltando; que a esposa aparenta estar infeliz; que o marido tem passado tempo demais na rua; que os filhos andam tendo problema na escola; que um filho é esquisito e não me reconheço nele; que o trabalho de todo dia em nada tem a ver com o que planejamos pra nossa vida; que passamos ano após ano sem conseguir sair do nosso aprisionamento rotineiro, seja lá qual for.

Quando estamos atrás do quadrado, tudo isso se vai, mesmo que temporariamente. Na internet podemos nos mostrar fortes, podemos perder tempo com grandes questões existenciais ou da moda; mostrar o quanto somos intelectuais, nerds, gostosas, desejáveis. Mesmo que estejamos sentados ali pra esquecer um pouco do carro que está velho, do aluguel atrasado, da viagem que nunca será realizada.

Outras pessoas também usam o quadrado pra se sentir parte de algo, e por isso passam horas escrevendo sobre como são infelizes, míseros e deprimidos com a vida. E enfatizam a culpa do mundo e da sociedade “lá fora”, e como não se pode fazer nada.

Passamos o dia ou a maior parte dele atrás dos quadrados. Assistimos a beleza do mundo através de uma TV, gritamos a nossa raiva de nós mesmos para o primeiro que falar uma besteira no twitter; olhamos fotos pornográficas para não esquecer que somos seres desejantes. Comentamos a última chuva em SP, a última fofoca das celebridades, e assim vamos preenchendo nosso tempo com amenidades. Tudo pra tamponar algo que nos falta. Se não preencheremos nosso tempo com Gmail, Google Reader, Wave, Twitter, blogs, teríamos tempo demais para pensar naquilo que nos incomoda. Ficaríamos muito tempo contemplando a nossa falta, aquilo que um dia pensamos ter, mas não existe. Tudo aquilo que não temos coragem de mudar, porque está arraigado demais em quem somos. Tudo aquilo que faz doer a alma, que faz pensar qual o sentido da vida.

A internet veio preencher um vazio que incomodava demais. É como uma droga, só tampona a falta enquanto faz efeito, então queremos estar drogados o tempo todo pra não ter que lidar com que somos sem ela. O mesmo para internet. A gente cria um personagem dentro do quadrado, e ele nos permite sem menos do que somos, e isso não necessariamente é ruim. O simples ato de desligar o quadrado, levantar da cadeira as vezes parece uma coisa tão difícil…

Muitos achavam e acham que a psicanálise tende a levar o sujeito a resignação. Pensa bem: se tudo que a análise pode fazer por você, é fazê-lo se aceitar como um ser castrado, que o sintoma não tem cura, e tudo que podemos fazer é aprender a se rearranjar com tudo isso na vida, pra que raios a pessoa precisa do analista e da psicanálise? Não parece que levamos para o final de análise um sujeito resignado?

Isso é exatamente o que grande parte dos lacanianos quer mostrar que não. Sim, tudo isso é verdade: nunca seremos completos; sim, somos castrados; nunca nos livraremos de um sintoma; mas nada disso significa que seremos infelizes, ferrados e mal pagos. No final, tudo que a psicanálise quer é que o sujeito possa ser feliz, que o sujeito não leve a vida tão sofrida. Não é uma ilusão de felicidade dos contos de fada, onde tudo é perfeito. É possível ser feliz na nossa realidade, com castração, sintoma e tudo mais. Podemos sair do nosso ciclo de repetição sintomática. Como? Bom, se fosse fácil assim dar essa resposta, eu estaria escrevendo um livro de auto-ajuda e provavelmente já ia estaria rica, hahahah…. Deixo essa questão para sua reflexão pessoal. Ou para sua análise pessoal.

Querem nos calar

Querem nos calar

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Na internet todos temos  direito de expressar nossas opiniões. Ou deveríamos. Por isso tivemos explosões de blogs/ páginas pessoais, redes sociais. Todo mundo queria falar alguma coisa sobre qualquer coisa. Todo mundo queria ser ouvido. Até que as pessoas começaram a se ler, ou melhor, ler o que os outros estavam dizendo por ai.

Com tantas opiniões diferentes, a moda agora é discordar. É apontar no discurso do outro todas as falhas que ele deixa transparecer, seja sobre sua personalidade, seu caráter, ou sobre qualquer outra coisa menor. Se você é a favor do Lingerie Day, um bando de gente vai apontar o dedo, criticar, rir da sua cara, dizer que você é menos humano, burro ou ingênuo. Se você é contra o Lingerie Day, outra patotada de gente vai dizer que você é menos humano, burro ou ingênuo. Se você é a favor do Polanski, vão querer te convencer que você está errado. Se você é contra, outra metade vai dizer que você não é ponderado. Resumindo: ter uma opinião e divulgá-la na internet te torna uma pessoa com problemas. Ser contra ou a favor de algo te coloca na berlinda.

Outra moda é falar mal da classe média. Eu e o Rodrigo (@cheapo) estávamos conversando sobre isso outro dia. A culpa é da classe média por tudo: ela é culpada pelo trânsito, pela fome, por pagar seus impostos em dia ou atrasado, por não colocar seus filhos na escola pública e lutar pela educação, etc, etc. Antes era moda falar mal da classe alta, e antes disso da classe baixa. Mas o fato é que a culpa sempre ter que ser só de uma parte das pessoas, nunca de todas. (Esqueci que somos divididos entre mocinhos e vilões, e alguém tem que ser o vilão para que eu possa ser o herói ou a mocinha.)

O fato é que não podemos ter uma opinião, principalmente se ela for diferente da de alguém. Há o grupinho das pessoas que querem te calar, porque a verdade é que ninguem gosta da diversidade. Ninguem gosta de opiniões contrastantes. Deveriamos ser todos iguais. E tem um bando de gente ai na internet pra encher teu saco se você é diferente e insiste em argumentar sobre isso.

A internet reproduz o que acontece na sociedade já faz tempo: felizes são aqueles que se calam, pois esses não são julgados, não são usados como símbolo do mal/bem, não são atacados/idolatrados ou almadiçoados/abençoados. Feliz é aquele que não tem opinião, ou não tem coragem de defendê-la. Mais felizes ainda são aqueles que ficam no computador, sentados, esperando alguém divulgar uma opinião e defendê-la. Estes estão sedentos por alguém para apontar, criticar, rir e julgar. Desses e dos quietos temos muitos.

Ter opinião não é fácil. É necessário crítica pra não entrar na dos outros sem nem saber porque. Mas, precisa ter peito mesmo é pra dizer sua opinião e sustenta-la. Mais peito ainda para, eventualmente, perceber que estava errado e voltar atrás. Num mundo onde muitas pessoas estão antenadas para quem será o proximo alvo a ser apontado, você  que sustenta sua postura e assume seus erros, você pode ser a próxima víitima.

Obs.1: Somos divididos em rebanhos, não é mesmo? Há o rebanho dos sem opinião (ou sem coragem) e o rebanho do vamos apontar dedos e falar mal disso agora. Nao querer participar de um rebanho te deixa sozinho, e isso te deixa vunerável.

Obs 2: Ninguém é totalmente inocente: quantas vezes nós mesmos entramos  no rebanho dos que não aceitam opiniões diferentes, e ficamos apontando as falhas do outros? A mudança sempre começa em casa, por nós mesmos.

Vendemos nossa alma para o Capitalismo

Quando começou a briga entre Rede Globo e Rede Record, ficou difícil tomar partido. A Rede Record tem por base uma igreja criada por um homem de grande má fé, e a Rede Globo por anos manipulou as noticias, entre tantas outras coisas. Sempre pensei que o jornalismo e os meios de comunicação não poderiam ter fins lucrativos, porque só assim ficariam livres de sempre querer vender uma história, um político, uma religião, uma idéia.

No jornalismo de papel sempre foi a mesma coisa. Por mais que os jornalistas se considerem livres para falar de noticias, eles ainda estão sujeitos ao dono do jornal que trabalham, que podem vetar matérias, ou influenciar temas. Enfim, todo o meio de comunicação, pelo menos no Brasil, parece ser vendido, tem um pé na merda.

Em tempos de avanço da tecnologia, surgiram os blogs. Parecia ser a revolução da era da noticia, já que, uma vez que não tinham rabo preso, poderiam falar do que quisessem, quando quisessem e como quisessem. E ai muitos o fizeram, criticando abertamente produtos, empresas, idéias. Até que alguns perceberam que isso podia dar dinheiro, e a coisa voltou toda pro começo. Grandes bloggers blogueiros começaram a ser pagos para falar bem de produtos, ou começaram a colocar anúncios que, em 70% das vezes são anúncios de produtos que o próprio blog critica.

Falei de tudo isso pra chegar nesse ponto: pelo que parece, todos se vendem, em algum momento da vida. As pessoas “pequenas”, que poderiam fazer diferença, e tanto criticam os “grandes”, na primeira oportunidade de ganhar dinheiro fazem exatamente a mesma coisa que antes criticavam. Será que é tão utópico querer defender nossos valores pessoais, ou será que andamos tão preguiçosos para insistir no que acreditamos?

…

Na internet, as pessoas têm buscado cada vez mais ser relevantes naquilo que fazem, sejam elas boas ou não. E o que tem acontecido é que muitas pessoas sabem fazer marketing pessoal, ou seja, fazer com que outras pessoas pensem que ela realmente é aquilo tudo que ela quer ser. O problema disso é que, em geral, as pessoas que realmente são boas no que fazem não estão preocupadas em se vender como imagem. Elas estão preocupadas em fazer o seu trabalho direito. Porém, em terra de brasileiro, todo marqueteiro é rei. E dai que as pessoas que são consideradas relevantes, em geral não o são. Mas acabam convencendo a grande massa disso, e realmente passam a vender idéias como ninguém. E isso se torna um ciclo vicioso, porque, quanto mais marqueteiras são, mas são reconhecidas, e mas são vendidas. Enquanto que, quem está de fora vendo tudo isso, mais acha horrível e mais quer distância dessa realidade. Então hoje, o que temos na internet, é o mesmo movimento que já vinha acontecendo com a noticia: quem é responsável por noticiar, criticar, refletir, são pessoas que tem rabo preso.

(O próprio Lula, passou anos lutando por um ideal, e quando percebeu que não estava conseguindo a sua maneira, contratou pessoas de rabo preso para fazer sua campanha, e ao chegar na tão desejada presidência começou a fazer exatamente o que ele criticava. E pior, passou suas duas candidaturas não vendo as coisas a sua volta. Não querer ver o que está na nossa frente é pior do que ver e não fazer nada.)

Todos temos que pagar nossas contas do final do mês. Posso parecer utópica, mas acho que sempre é possível fazer isso com um mínimo de dignidade. Somos uma sociedade que padece de doenças da alma, afinal, como podemos ir dormir a noite, quando passamos o dia ganhando dinheiro indo contra aquilo que acreditamos? Ou pior, vendendo para outros algo que sabemos não ser bom. Enchemos nossos bolsos fazendo com que os outros gastem o seu em porcaria. Pagamos nossas contas com dinheiro de valores vendidos, morais tortas, e enganando pessoas que acreditam estar sendo bem influenciadas. Depois nos perguntamos por que nossa sociedade anda sofrendo tanto do psicológico.  São as doenças do ser, porque pelo ter, estamos deixando de ser.

Se parece não haver outra forma de pagar nossas contas, então estamos caminhando pro lado errado. É nossa obrigação achar uma forma nova, se a que existe obviamente não satisfaz. Qual? Bom, podemos começar dando o primeiro passo, que é não vender nossa alma por qualquer cem reais, por mais difícil que isso seja.

Não ao desenvolvimentismo

É muito mais difícil do que se imagina sair do ciclo vicioso que entramos na onda do capitalismo. Em geral, sou contra esse tipo de vídeo, pois costumam ter argumentos furados e ficam muito próximos daquela coisa de auto-ajuda, utópica. Mas esse vídeo, em particular, gostei bastante. Não é curtinho, mas assistam, vale a pena.

 

A respeito dos atendimentos on-line

Bom, estou pensando em desenvolver um projeto de pesquisa sobre Internet e Psicanálise, estudar um pouco as possibilidades de um contato inicial on-line e perguntas nesse sentido, e ai fui pesquisar sobre o que anda sendo feito nesta questão. É impressionante o número de coisas erradas que a gente encontra na internet.

O CFP fez uma resolução 012/2005, que diz o seguinte, em resumo: 

“(…) CONSIDERANDO que os efeitos do atendimento psicoterapêutico mediado
pelo computador ainda não são suficientemente conhecidos nem comprovados cientificamente e podem trazer riscos aos usuários; (…) Resolve:

CAPÍTULO I – DO ATENDIMENTO PSICOTERAPÊUTICO
Artigo 01: O atendimento psicoterapêutico mediado pelo computador, por ser uma prática ainda não reconhecida pela Psicologia, pode ser utilizado em caráter
experimental, desde que sejam garantidas as seguintes condições: (…)

IV – O psicólogo pesquisador não receba, a qualquer título, honorários da população pesquisada; sendo também vedada qualquer forma de remuneração do usuário
pesquisado; 
   V – O usuário atendido na pesquisa dê seu consentimento e declare expressamente, em formulário em que conste o texto integral desta Resolução, ter
conhecimento do caráter experimental do atendimento psicoterapêutico mediado pelo computador, e dos riscos relativos à privacidade das comunicações inerentes ao meio utilizado;  (…)

Artigo 02: O reconhecimento da validade dos resultados das pesquisas em atendimento psicológico mediado pelo computador depende de ampla divulgação dos resultados e reconhecimento da comunidade científica e não apenas da conclusão de pesquisas isoladas.

Artigo 03: Os psicólogos, ao se manifestarem sobre o atendimento psicoterapêutico mediado pelo computador, em pronunciamentos públicos de qualquer tipo,
nos meios de comunicação de massa ou na Internet, devem explicitar a natureza  experimental desse tipo de prática, e que como tal, não pode haver cobrança de honorários. (…)”

Que eu saiba, não existe nenhuma outra resolução feita depois dessa, se eu estiver enganada, por favor me digam. Assim, partindo desta resolução, fiz uma pesquisa na internet, e levei um susto! Assim, pergunto:

http://www.psicologiaevoce.com/

1. Esse site não tem o selo de aprovação do CFP. È cobrada uma taxa de R$ 40,00 por sessão. No site não tem em lugar nenhum o artigo 03, ou seja, a informação de que o serviço não pode ser cobrado. E ainda, o site está na ar já desde 2006, e onde estão os resultados das pesquisas feitas até hoje, que deveriam ser amplas conforme artigo 02? O site faz questão de informar que as ferramentas usadas não oferecem segurança ao “paciente”, e na resolução existe uma cláusula que obriga o psicólogo a garantir a segurança das informações do paciente. E ai?

http://www.psicologiaaplicada.com.br/atendimentoonline.html

2. Nesse outro site, eles têm o selo de aprovação do CFP, o que torna as coisas ainda mais graves, porque como o CFP dá um selo e não confere? Eles cobram R$ 25,00 por sessão, também não divulgam que o serviço não pode ser cobrado, e apesar de existir um espaço para artigos no site, não ha nada que fale sobre a pesquisa na internet, já que o site está no ar desde 2004, onde estão os resultados das pesquisas feitas até hoje?

http://www.psiconlinechat.com/

3. Esse outro site não coloca valores, mas também não faz nenhuma das outras coisas necessárias, e está no ar desde 2006, onde estão os resultados das pesquisas?

http://www.angelfire.com/ego2/psicanalise_on_line/

4. Esse site cobra R$ 50,00, e se diz fazer psicanálise on line. Está no ar desde 2006, e não tem selo, não divulga que é parte de uma pesquisa, e onde estão os resultados das pesquisas feitas até então?

Se eu continuasse aqui não ia terminar hoje… Gostaria mesmo que pessoas que estiverem fazendo trabalhos sérios na internet apareçam, mostrem suas caras, porque até agora só vi coisas que deixam muitas interrogações e poucas respostas acerca de seus trabalhos. E onde fica o trabalho do CFP em tudo isso, pois ao que parece essa regulamentação só abriu espaço para aqueles que usam a pesquisa como desculpa para ganhar dinheiro em cima de pessoas que precisam de ajuda e não entendem onde estão se metendo. Se algum dos sites mencionados por acaso quiser responder as minhas interrogações, acharei ótimo dialogar e voltar atrás, caso eu esteja errada em alguma coisa.

E para terminar, fiquem atentos aos serviços que procuram na internet!!! Na internet tem muita coisa boa, mas muita coisa ruim também.

Mais pesquisas

Eu tinha terminado o post abaixo, mas não resisti depois de ver esse frase de pesquisa: “quando achamos que sabemos todas as respostas vem a vida e muda todas as perguntas”. Não é ótimo? E não estou sendo engraçadinha. É ótimo mesmo. Essa pessoa estaria mesmo fazendo uma pesquisa, ou pensando “alto”?

Eu diria que essa frase define muita coisa que se busca em uma análise. Será que devemos sempre responder todas as perguntas? A gente sempre acha que sabe as respostas pra tudo, mas será que sabemos mesmo? Será que um dia saberemos tudo sobre tudo, e conseguiremos responder todas as perguntas?

 

Essa outra: “arrependimento traição amor paixao casamento”. A pessoa praticamente consegue mostrar o caminho que fez do seu sentimento, nessa pesquisa. Está arrependida porque traiu, mas virou amor, paixão, e agora casamento, e dai, o que fazer? E o que espera encontrar como resposta na internet? Ela está procurando respostas, mas só ela pode decidir o que vai fazer.

 

“sintomas quando nao se gosta mais de alguem”: bom, se você já está procurando por isso, é porque alguma coisa errada está acontecendo, não é mesmo?

 

“minha menstruação não desce o que eu faço” (?????)

 

“porque a psicologia tem diversas areas de estudos”: Porque, assim como a Medicina, que tem diversas áreas de estudo e trabalho (Oftalmologia, Urologia, Ginecologia etc), a Psicologia também têm, não só diversos sujeitos de estudo (Individual, Familiar, Casal), como muitas abordagens (Psianálise, Fenomenologia, Behavorismo), e dentro de cada abordagem ainda existem mais divisões, que seguiram determinadas linhas de pesquisas distintas (Kleinianos, Freudianos, Lacanianos, etc). Essa é uma resposta bem resumida. Só pra dar uma idéia da complexidade.

 

Já viram que eu adoro ver como as pessoas vêm parar no meu blog né? Eu acho ótimo.

Respondendo sem ter perguntas

Hoje eu estava olhando o GetClicky, programa que serve pra nos ensinar muito coisa do nosso blog. Ali podemos ver quantas visitas temos por dia, de onde essas pessoas são, e como elas foram parar ali. Sempre dou uma olhada, quando as pessoas vêm de sites de pesquisa, quais foram as frases e\ou palavras digitadas que as trouxeram aqui. As coisas mais interessantes e mais bizarras acontecem. Mas hoje uma me chamou atenção.

Pesquisaram: “fazer pisicanalise pela internet de graça”. Assim mesmo psicanálise escrito errado mesmo. Mas enfim, isso me chamou atenção, porque sei que existem muitas pessoas por ai que tem interesse em fazer Psicanálise ou mesmo ir a um psicólogo, mas não tem condições financeiras de arcar com tal despesa.

Em geral, as pessoas tendem a achar que ir a um psicólogo e\ou ir a um psicanalista é caro e inacessível. Sim, existem psicólogos e psicanalistas que cobram preços altos, mas na minha opinião sempre justos ao trabalho que fazem. Mas também existem muitos que cobram preços muito acessíveis, por muitos motivos. Por estar iniciando a carreira, por trabalhar com pesquisa na área, e necessitar de pacientes para sua pesquisa (e ai os dois se beneficiam), ou mesmo porque sim, o dinheiro é importante, mas mais importante ainda é conseguir atender a população geral, inclusive quem não pode pagar tanto dinheiro por isso, no caso dos estudantes, por exemplo, entre outros. Enfim, muitos psicanalistas e psicólogos cobram preços mais acessíveis. Em geral, podemos considerar como média R$ 80,00 por sessão, sendo que o ideal é uma vez por semana, no mínimo. Dai tem os que cobram mais que isso, R$ 100,00 R$ 150,00, e os que cobram mais barato. Desses que cobram mais barato, dá pra encontrar na faixa de R$ 50,00 e até na faixa dos R$ 30,00. Ai você vai me dizer que os que cobram barato são porque são ruins ou têm alguma coisa de errado. Pode ser. Mas no que eu conheço, não são não. Geralmente são recém-formados, ou mesmo pessoas que optam a cobrar mais barato para conseguir atender mais pessoas de todas as classes sociais. Então, se você tá ai pensando que ir a um psicanalista é um absurdo de caro, ou se é barato é ruim, não é não.

O que acontece é que eu não recomendo que a escolha de um psicanalista seja aleatória. O ideal é que ele seja recomendado por alguém que conheça seu trabalho e saiba que se trata de uma pessoa séria, seja lá o que preço que cobra. Afinal, pessoas que fazem coisas erradas estão em todos os lugares e profissões, cobrando o preço que quiserem.

Há ainda a opção de procurar um psicólogo no plano de saúde. Não sei muito como funciona, mas sei que as sessões, pelo plano de saúde, só podem ser uma por mês, num máximo de 12 por ano, pelo menos essa é a lei. Então acho que fica um pouco complicado trabalhar assim, com encontros tão distantes e com data de término. Nem sempre é possível datar o fim do tratamento.

E para aqueles que realmente não podem gastar um real com isso, mas ainda tem interesse, existem os locais que oferecem atendimentos de forma gratuita. Faculdades que têm Psicologia como curso, geralmente têm centros de psicologia, pois oferecem atendimento ao publico geral, de graça, e ao mesmo tempo treinam seus estudantes. Sei que aqui em SP isso acontece em muitas faculdades, como a Universidade São Judas Tadeu, que fica na Mooca, e tem o CPA: Centro de Psicologia aplicada. Lá a pessoa tem direito a se inscrever para atendimento individual, familiar, de grupo, de casal, e também para crianças. A questão é que, por se tratar de um bom serviço gratuito (esse eu recomendo) sempre tem fila de espera, e no caso do núcleo de psicanálise, a fila de espera chega as vezes a passar de um ano, se o caso não for considerado urgente. Ah, e não sei até que ponto o paciente pode escolher a abordagem que será atendido, pois lá trabalham Psicanalistas e também Psicólogos Behavioristas.

Ainda na parte gratuita, muitos hospitais da rede pública e postos de saúde também oferecem atendimento gratuito, basta ir lá se inscrever. Entramos aqui na mesma questão da fila de espera, mas se a pessoa tem muito interesse, acho que vale a pena se inscrever e esperar. E por último, temos diversas OGN’s de psicologia, que também oferecem serviços gratuitos de psicologia.

O que eu quero dizer, com esse post, é que se a pessoa tem interesse, lugar tem, de graça, barato, caro, hoje qualquer pessoa que queira pode ir a um psicólogo. Muitos estão dispostos a negociar valores que possam ser acessíveis pra quem paga e satisfatórios pra quem recebe. Então, se você tem vontade, indico que vá pesquisar e vá sim buscar a ajuda que precisa.

Ainda não é permitido fazer Psicologia pela internet. Então se alguém estiver oferecendo isso, desconfie. O atendimento pela internet ainda está em fase de estudos e pesquisas, então a não ser que você tenha visto um grupo de internet ligado a uma universidade ou pesquisa, desconfie.

Deixo também ai meu cartão.

Aline – 11 – 5082-4215

PS: tinha outro termo de pesquisa que era “o que fazer com a mente do marido complicada que não admite seus erros” Achei hilário, hahhaa. Percebem o ato falho? O que Freud diria dos atos falhos agora na era da digitação? Será um simples erro?

PS2: Por último, havia mais uma que dizia “como fazer psicanálise clínica”. Essa pergunta achei interessante, mas dificil pensar que existirá uma resposta a altura dessa pergunta assim rapidamente na internet. Psicanálise já é um campo enorme, no qual existem diversas formas de clinicar. Por isso farei outro post sobre isso outro dia.

Sim, eu, você, todos nós somos castrados. Sorry…

Como a internet veio e trouxe o mundo pra sua casa, os usuários começaram a ficar um pouco perdidos. Tanta informação, tanto cadastro, tanto meio social on line que o povo começou a se confundir. É Orkut, Twitter, Msn, Icq, Gmail, etc etc… Bom, com o mundo na sua casa, fica mesmo difícil controlar tudo…

Algumas pessoas conseguem ser objetivas. Ok, posso ter o mundo na minha casa, mas não preciso de tanto, do que eu preciso? E ai essas pessoas conseguem filtrar, entre tanta novidade, o que serve e o que é só mais uma moda nova. Mas a grande maioria fica perdida com tanto perfil em tanto lugar. Ai começaram a surgir os programas de controle. São diversos tipos de programas ou sites que ajudam o usuário a controlar suas coisas. Esse aqui http://meadiciona.com/users/index.php por exemplo, ajuda as pessoas a controlarem sua vida social na internet. Esse aqui http://keepass.info/ controla todas as suas senhas e logins em programas e sites diversos da internet. Esse aqui https://www.wesabe.com/ ajuda a controlar as contas nos bancos. Isso sem falar nos Feeds ou Google Reader pra ajudar o usuário a acompanhar os posts de blogs que mais gostam, ou as noticias dos assuntos que interessam… AH, enfim, é muita coisa, e muito controle.

Ai o que acontece? É tanto controle que vai chegar uma hora que vão inventar o site do controle do controle. E assim as coisas vão caminhando…

Será que não era mais fácil aprender a selecionar, aprender a escolher? Será que não era mais fácil perceber que não dá pra fazer tudo o tempo todo, porque ai nada acaba sendo realmente feito?

A internet trouxe e continua trazendo muitos benefícios. Mas a verdade é que ninguém ainda sabe usar de forma a facilitar as coisas necessárias da vida. E ai o que acontece é que, para facilitar, as pessoas se inscrevem em tantas coisas, tentam acompanhar tantas coisas, que só arranjam mais um problema pra cabeça. Ao perceber que não dão conta de tanta coisa, do mundo na sua casa, vem a frustração, uma ansiedade por controle (que é irreal) e por planejamento que só alimenta mais frustração (porque a gente nunca consegue controlar tanto) e isso vai criando uma cadeia de tristeza e até mesmo depressão. Tá, poderíamos entrar aqui na discussão do que é o necessário pra cada um, mas acho que as pessoas podem usar o bom senso pra conseguir definir o que é necessário pra si, e o que não é.

Sim, é legal fazer parte de várias coisas legais. Existem muitas coisas legais no mundo. A não ser que você viva pra isso (24 horas por dia, sete dias por semana), não dá pra participar de tudo que é legal. E como o ser humano insiste em não se admitir castrado, ele quer e vai em tudo, e nisso sofre mais do que se parasse para admitir que não dá pra fazer tudo, e escolhesse. Pelo menos as escolhas poderiam aliviar, e a pessoal poderia se sentir feliz e completo naquilo que escolheu fazer, mesmo que não seja tudo que ele queria e\ou gostaria.

Papo chato né? Eu sei, é sempre chato ter que encarar as situações de frente, e fazer escolhas. No começo é difícil sim fazer escolhas, mas essa dificuldade pode se transformar em produtividade, satisfação, alegria e mais tempo livre pra fazer o que realmente é importante pra você. Não é vergonha não estar em tudo que está na moda.

Educação e Tecnologia de novo!

Ver televisão aberta, no Brasil, mostra o quanto a população em geral está distante de discutir questões de extrema importância social. Hoje, no Jornal Nacional, do Globo (que supostamente teria mais verba, portanto um melhor conteúdo) passou o segundo programa sobre Tecnologia e Educação no Brasil, e os outros passarão durante o restante da semana. Algumas frases me marcaram e vou explicar por que:

1. Bibliotecas inteiras, cheias de enciclopédias estão abandonadas, porque ficou mais fácil usar o computador. É o que os alunos mais gostam (Ctrl+c Ctrl+V).

1. A internet (e o Ctrl+C Ctrl+V) torna a população mais medíocre.

2. O governo está dando computadores aos alunos. Cabe a escola ensinar aos alunos como usá-lo. Cabe a escola fazer sua mágica.

Em primeiro lugar, me espanta a Rede Globo dedicar uma reportagem de forma tão negativa em relação à Tecnologia. Afinal, nada é absoluto. A internet, como tudo na vida, por ser bom e também ruim. Então porque uma reportagem pra dizer das coisas negativas na internet? Em um momento em que a Educação está tão ultrapassada, o uso da tecnologia vem para ajudar a Escola a correr do atraso que sofre ha anos. Correr atrás dos alunos que cada vez menos querem ir à escola. Correr atrás dos alunos que cada vez mais interrogam os conteúdos passados a eles na escola e querem entender porque precisam aprender o que aprendem, e se não entendem, abandonam a escola. Então, repito, por que receber a Tecnologia de forma tão negativa?

Tudo que é novo assusta. Tudo que é diferente assusta. Tudo que pede um movimento de mudança assusta. O ser humano é assim. Mas até ai pregar negativamente sobre isso em horário nobre já são outros quinhentos. Meu palpite? A Rede Globo e Lula nunca se bateram, isso não é novidade. Então quando finalmente ele começa a liberar os computadores para cada aluno, é preciso achar alguma coisa de negativo nisso, não é mesmo?

Mas, voltando a reportagem em si, eles fazem questão de mostrar uma biblioteca velha, cheia de pó, com enciclopédias mais velhas ainda, e ainda enfatizam que isso é um desperdício. Como se preferir a internet fosse ruim!!! Pelo contrário! Em um post aqui mesmo no meu blog, defendi como a internet pode ser usada de forma a ajudar as pesquisas (não vou nem repetir a parte todo do beneficio aos alunos deficientes). Antes tínhamos sim que ficar nas bibliotecas, espirrando e demorando décadas pra achar uma informação em uma enciclopédia, informação essa que tinha 100% de chance de estar defasada!!! Hoje existem bibliotecas on line, ou seja, todo conteúdo de uma biblioteca está na internet, o aluno não precisa sair de casa para pesquisar, e ainda consegue estudar uma informação atualizada, consegue ainda entender o caminho da informação. Isso não é fantástico?? O aluno pode até mesmo entrar em contato com o autor da informação e fazer sua pesquisa muito mais rica. O que há de ruim nisso?

Ai vem a desculpa que todo mundo usa: Ah, mas ai eles acabam é só copiando, afinal, tá tudo ali fácil na internet. Depois de gargalhar aqui em casa, rebato lembrando que os alunos SEMPRE copiaram. Os alunos copiões hoje copiam da internet, é verdade, mas antes copiavam do amigo, copiavam dos próprios livros. Copiar não é de hoje e não veio com a internet. Então o buraco é mais embaixo. Ha muito tempo se copia, e ai temos que entender por que e não colocar a culpa na internet como se isso fosse um evento que começou a ocorrer junto com ela.

Repito do meu post anterior: os alunos copiam porque não sabem fazer pesquisa. Os alunos copiam porque os professores não sabem fazer pesquisa e não ensinam aos seus alunos. Então, é culpa da internet que a população está mais medíocre? Ah, tenha dó. A internet é exatamente o meio de chegar na população e fazê-la ser menos medíocre. Porque hoje tem lan house em cada esquina, onde se paga um real pra ficar uma hora. Tá mais barato ficar uma hora na internet do que comprar livro, ir ao cinema e escutar música.

Ai pra terminar e fechar com chave de ouro, vem o fulano de tal do governo, e diz que o uso da internet depende da escola. Será bom ou ruim dependendo da escola. Isso é totalmente verdade. Mas ai ele vem dizer que isso é mágica? Que mágica? Isso é treinamento. E agora vou defender os professores. Como que se exige que um professor receba bem a tecnologia e ainda ensine pro seu aluno se ele mesmo não sabe nada ou quase nada daquilo???É mais provável que o aluno ensine o professor, do que o inverso. Então como o professor pode ensinar as coisas boas do uso da internet se nem ele mesmo sabe? Como ele pode ensinar os sites de pesquisa, como pesquisar, se ele nunca viu, se nem ele sabe que isso existe? Isso não é mágica. O professor tem que ser treinado, tem que ter um computador na sua casa também, para aprender como usar a ferramenta e a internet. Só ele se sentindo bem e confortável para ensinar alguma coisa para o aluno.

Agora, junta tudo isso que eu falei, por que isso não foi o tema de reportagem? Porque o tema tem que ser sempre contra a tecnologia? Tudo na vida pode alienar ou agregar. Basta saber como. E isso não é mágica. Só faltam começar a dizer que a internet é coisa do demônio…

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