Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Categoria: Cinema (Page 2 of 3)

Uma mente brilhante

Eu choro toda vez que assisto esse filme. Alias, chega uma hora que não paro mais de me emocionar. É muito bonito ver o trabalho de uma pessoa tentando se livrar de seu sintoma, de suas loucuras.

O filme fala de uma esquizofrenia, mas é possivel fazer um paralelo com o trabalho de análise. Como ele, chegamos num ponto em que sabemos do nosso sintoma, mas simplesmente não conseguimos nos livrar dele. Porque sempre tem algo bom junto. A cena que ele se despede do amigo e da menina e diz: Olha, você foi um grande amigo, mas não vou mais conversar com você. Essa cena mostra o exato momento no qual ele decide não mais se deixar levar pelas coisas boas do seu sintoma. Mas o sintoma não o deixa. Continua com ele ate o fim da vida. E assim é também a análise. O Sintoma nunca nos deixa, fica sempre junto com a gente. O que fazemos e não nos deixar enloquecer por ele.

Uma outra cena, em que ele insistentemente vai para a faculdade, e todos o acham estranho, todos tiram sarro dele. Mas mesmo assim ele persiste. E não é assim com todos nós, quando vamos procurar um psicólogo, as pessoas a nossa volta não entendem, não concordam e acham isso estranho. Mas insistimos para que algo de bom aconteca no final.

Me emociono toda vez que vejo esse filme porque acho bonita a luta dele contra ele mesmo. E isso também é muito bonito de se ver em análise. Brigramos o tempo inteiro com coisas que estão dentro de nós mesmos. E como é dificil essa luta. E como é bonita e recompensante no final.

Into The Wild

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To fazendo propaganda, mas é porque gostei muito do filme. E também da trilha sonora.

E é do Sean Penn. Em português chama Na vida selvagem. Preciso assistir de novo quando der tempo.

Simbiose

A gente costuma escutar falar de simbiose quando trata da relação mãe-bebe. Nesse momento da vida de uma criança, a simbiose é necessária pra que ela se caracterize como sujeito. A mãe faz pelo bebe, sem que nem ele mesmo saiba o que quer ou precisa, tudo que é necessário no começo de sua vida, pra que, aos poucos, ele vá aprendendo a desejar, se tornar um sujeito desejante.

Só que a simbiose não esta somente presente nesse momento de nossas vidas. Por vezes se prolonga por mais tempo que o ideal e necessário. E por vezes nunca acontece. Nos casos em que se prolonga, podemos ver aquelas relações de mães e filhos no qual um não faz algo sem pensar no outro. A mãe esquece que tem marido, coloca sempre o filho em primeiro lugar de tudo, inclusive de si mesma. Em consequencia, o filho se torna tão dependente que não aprende a fazer nada por si, e para tudo se espelha e apoia na figura da mãe, e acaba tendo grandes consequencias no seu desenvolvimento e amadurecimento, principalmente na fase adulta. Em outros casos, na falta de uma simbiose inicial, fica a dificuldade de se tornar sujeito, de se caracterizar como um ser desejante, e fica evidente uma falta que existe em todos, mas se torna muito mais dificil sem o desejo inicial.

E depois que o sujeito chega na fase adulta? Em sua maioria, os dependentes continuam dependentes, principalmente hoje em que não é vergonha depender da mãe em qualquer idade. Ou mora com os pais infinitamente, mesmo quando já tem renda própria, relacionamento íntimo, carro e idade pra dar conta de si mesmo. Ou sai da casa dos pais, mas leva a ligação, mantendo a mãe para cuidar de sua casa, de suas roupas ou de sua marmita para o trabalho. Quando isso não é possível, cria-se uma nova simbiosa. A pessoa busca um alguém para substituir a mãe na relação. Esta a namorada, ou namorado entra para respirar o mesmo ar, pra estabalecer o mesmo tipo de relação que a anterior.

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Alguém consegue perceber como tudo isso é perturbador? Não parece uma doença essa dependência?

Dentro da relação simbiotica não existe um. São dois meios que fazem um, o que causa, no mínimo, alguns incomôdos. Sim, porque a relação sombiotica não é só alegria. Não há espaço pra respirar outro ar que não seja o mesmo. O diferente se torna um problema gigantesco, com proporções muito maiores do que o normal. Por isso nossos novos adultos sofrem tanto. Porque é uma geração fruto de muitas relações simbióticas. Viemos da geração pós orgulho feminista, ou seja, as mulheres largaram suas familias pra trabalhar e defender os direitos iguais, e muitas perceberam o quanto era bom ser so mãe. Essas, agarraram com unhas e dentes seus filhos, que hoje sofrem para ser adulto. E daqui só piora, porque com a desculpa dos perigos que av vida cada vez mais oferece, mais mães agarram suas crias com toda força em seus ventres. E mais simbioticos se tornam, e mais dificil fica se tornar sujeito desejante e, consequentemente, adulto.

Winnicot já dizia: boa mãe é a mae que falta. É necessário que a criança erre para aprender a aceitar. É preciso que a criança caia a primeira vez para que aprenda a se levantar. Se a mãe está sempre presente e não permite a falha, como essa criança vai aprender a se sustentar em sua próprias pernas? Se a mãe falha em falhar, o filho sofrerá sim grandes consequencias no seu desenvolvimento.

Into the wild. Este filme que tanto me chocou, e já mencionei em algum post anterior deste mês, mostra como uma pessoa precisa estar sozinha para aprender a ser humano. É sozinho que aprendemos as grandes coisas da vida. Quando vamos arranjar uma namoradinha, estamos a sós com ela. Quando vamos arranjar o primeiro emprego, a entrevista é só como chefe. Quando casamos, é só você e a esposa/marido no altar. É independente de simbioses que crescemos e desenvolvemos. Se passamos a vida substituindo nossas relações simbióticas, sofreremos por demais da conta. E quem passa por isso sabe bem do que estou falando.

O filme é o oposto ao exagero. Ele queria tanto ficar sozinho que exagerou na dose de sua solidão. E uso este exemplo porque nenhum dos extremos é bom. Estar sempre só e sem nenhuma necessidade de relacionamento também é doente, também causa danos irreversíveis ao sujeito. Mas em muitos momentos de nossas vidas, precisamos estar sozinhos, para aprender a caminhar com nossas próprias pernas, nos tornarmos UNO, para dai escolher quem caminhará ao nosso lado.

Todos devemos ser Unos e não Meios.

Surpresa


Essa semana vi dois filmes que baixei por curiosidade. Achei que não iam valer nada, e me surpreenderam.

O primeiro, Martian Child, achei que seria um daqueles dramas só pra chorar e depois nem lembraria. Que nada, a história é linda, e o menino que escolheram pra fazer o papel é comovente e cativante. A história é muito bonita, e nos tempos de egoismo que vivemos, toca no fundo.

O segundo, Into the wild, é o tipo de filme que demora pra gente entrar. Nos primeiros minutos a gente pensa que vai ser um filme denso e chato. Denso ele é, mas nada chato. Conta a comovente historia real de um jovem profundo demais pro nosso tempo, que decide se aventurar na sua viagem ao Alaska para se conhecer melhor. É profundo, é comovente, um daqueles filmes que nos fazem pensar nos caminhos de nossas vidas.

E a foto real dele nos hipnotiza.

Woody Allen

Tão poucos filmes eu vi dele, mas TODOS, todos mesmo foram fantásticos. Mas são tantas que a gente não dá conta de ver tudo. Queria ver um por dia pra poder rir e ficar maravilhada com as coisas que ele faz.

Annie Hall fala da fantástica maluquisse que são os relacionamentos, principalmente quando ambos fazem análise, hahahah! Fantástico! É de 1977 mas super atual, recomendo muito.

Match Point foi o filme que muitos assistiram e até hoje não sabem que o filme é dele. Talvez porque ele tenha a fama de fazer filme “um pouco estranhos” e esse seja um filme não tão estranho, mas Hollywoodiano. Mas a história é fantástica, de como as pessoas podem fazer tudo pra que nada dê errado nos seus planos de vida.

Scoop não achei um filme fantástico, é um filme médio, mas na linha do Match Point mas com um toque maior de Woody, se é que me entendem. Ele atua no filme, o que pra mim foi mais um motivo pra assitir, já que adoro ele atuando como ele mesmo (porque pra mim qualquer papel que ele faz é sempre muito ele mesmo).

Hollywood Ending, esse é um das listas de pérolas. Pra quem não sabe, ele adora Freud e a Psicanálise, então em grande parte dos seus filmes piadas abordando o assunto são tratados. Esse é fantástico a maneira como ele aborda a psicossomática. É uma comédia hilária, e com ele atuando, melhor ainda! Trata-se da história de um diretor que é contratao pela sua ex mulher para dirigir um filme, mas desenvolve uma cegueira psicossomática de nervoso e decide dirigir o filme mesmo assim.

Celebrity, de 1998 foi o único filme dele que vi e não gostei. Talvez eu não tenha entendido a mensagem que o filme quis passar, mas achei que tinha muito gente famoso pra pouco filme, um pouco exagerado na produção pra um roteiro não tão grande. Acho que até dormi no filme. Sim, podem me crucificar, acho que devo assisti-lo de novo, agora, dez anos depois, pra ver se entendo ou se não gostei mesmo. O filme fala, basicamentem, sobre o mundo das celebridades, o que as pessoas fazem para entrar nele e/ou se manter nele.

New York Stories, que foi escrito por ele, mas não dirigido, conta histórias que se passam em NOva York. Esse acredito ter sido o primeiro filme dele que vi, e apesar de não se nenhum espetáculo, é muito interessante.

Estou falando tudo isso porque esta saindo o novo filme dele, Cassandra’s dream e estou curiosíssima pra assistir. Acabei de baixar essa sexta feita, e pela pouco crítica e muito mistério, acredito que o filme deva ser muito bom!!!!!!!

pensamentos aleatórios

Muitos filmes estão ai pra nos mostrar que uma simples escolha pode mudar todo o rumo de nossas vidas. Uma única escolha pode arruinar ou melhorar um vida. E não só uma vida, mas também as vidas próximas as nossas. Provavelmente esses são os filmes que eu mais gosto. É assim com Vanila Sky, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, The nines, Infidelidade, Pecado Original, entre outros.

 

Mas além disso, são filmes que falam também da força do amor, de como o amor pode nos salvar de certos erros, ou de como o amor de alguém por nós pode nos salvar das nossas escolhas erradas. E falam também de como a gente pode estragar de vez um amor com nossas escolhas erradas, mas sempre é possivel recomeçar.

 

O amor tudo perdoa? O amor nos cega e nos deixa inocentes e idiotas, ou nos deixa superior as coisas pequenas?

 

Acho que pra pensar essas questões, nada melhor do que pensar, por exemplo, nos amor de pai pra filho. A mãe, tudo perdoa? (sim, mesmo quando é dificil, ela é ainda a única que entende, ou tenta entender). A mãe fica cega ou é na verdade superior as coisas que o filho faz? Nenhuma mãe é cega, só finge que não vê. E pelos filhos faz tudo mesmo, tudo que for possivel. Só que nem todas mães e pais são assim. Existem aqueles que naturalmente não colocam os filhos nessa posição de amor incondicional, ou mesmo não os colocam na frente de si mesmos. São aqueles que tem dificuldade em se colocar em segundo plano. Porque pra estes, eles são mais importantes do que qualquer pessoa, em primeiro lugar sempre eles. Provavelmente porque têm uma dificuldade em perceber que não são o centro do mundo (como diria Lacan, não sao o falo nem da mãe e nem de ninguém). Assim, precisam se colocar em primeiro lugar, já que se colocar em segundeo seria como uma humilhação (tipo, nem eu me coloco em primeiro, quem me colocará?)

 

Dai a gente pode pensar mil coisas sobre esse tipo de pessoa na vida amorosa. Porque se pra essa pessoa se colocar em segundo lugar é intoleravel, ou humilhante, esta pessoa pode sim considerar-se incapaz de perdoar, de enxergar mais adiante, de ser maior do que as pequenas coisas. Esta pessoa achará um absurdo coisas tão menores quando se trata de amor. Esta pessoa não perdoará os minimos erros do outro, porque na verdade não perdoa a si mesmo quando erra. Não admite o erro do outro porque não admite seus proprios erros. Não consegue entender que as pessoas pensam de formas diferentes porque no seu narcisismo não consegue entender que o mundo é maior do que sua cabeça pode aguentar entender.

 

 

Todos deviam ler o livro O Carrasco do Amor, de Irvin Yalom. Dá pra gente tentar se colocar um pouco no lugar do outro, e ver que uma coisa terrivel, aos olhos de um, não é tão terrivel e totalmente compreensivel aos olhos do outro. E tudo tem um porque, mesmo que a gente não consiga ver. E ninguém é 100% ruim ou 100%. Só porque erra feio de vez em quando não significa que não ter carater, pelo contrário, pode ter, e muito mais do que alguém que tenta parecer ser sempre bom.

The nines

A questão é que eu estou passada com essa porra desse filme. É o tipo de filme que não dá respostas e só deixa a gente cheio de pergunta, e transtornado. Que porra é essa?

Sempre que fico assim, dou uma olhada geral nos comentários do filme. Tem pouca coisa, em parte acredito porque o filme é típico daqueles que não fazem a cabeça dos Hollywoodianos e nos faz refletir. Em parte porque acho que a distribuição dele não foi boa, nem sei se chegou nos cinemas brasileiros. Quem pouco fala dele, fala mal, mas também analisando os comentários, quem não entende tende a não gostar do que vê. Foi assim com Amnésia, foi assim com Vanila Sky, e é sempre assim com filmes assim. E são sempre filmes assim que eu PIRO.

Tá, não queria falar do filme pra não estragar a graça de quem quer ver. Um conselho? Veja. Parece meio maluco no começo, mas believe me, fara sentido, pelo menos um pouco, hahahah.

Pra quem é vidrado em jogos como The Sims ou mesmo Second life, vai pirar um pouco com a idéia do filme. Pra mim foi fantástico. Porque acho que a gente se vê um pouco nos dilemas finais do cara. A cena então que as pessoas têm aqueles brilhos na cabeça, tipo The Sims, pirei, muuuuito bom.

Enfim, se eu falar mais, conto tudo. Filme fantástico. O final faz a gente pensar bastante sobre as realidades paralelas que a gente cria na vida pra fugir de viver a nossa propria vida. E fica na cabeça a pergunta sobre o que é real, e o que se torna real na vida de uma pessoa…

AMEI! Não tenho palavrões suficientes pra dizer o quanto.

http://www.youtube.com/watch?v=Esmn3_7I2_Y

http://www.imdb.com/title/tt0810988/

FUI

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