Ao nascer, não temos registro inconsciente da sexualidade. Vamos crescendo, e aprendendo sobre o nosso corpo. Aprendemos que temos órgão sexual feminino ou masculino. Mas isso não tem nada a ver com sexualidade. Não sabemos como vamos gostar de exercer nossa sexualidade e nem com quem.

A primeira coisa que os pais fazem, quando nasce um bebe, é sexualizar este bebê. Os pais acariciam, desejam, amam, abraçam, apertam… Enfim, tudo isso que se faz quando têm um filho recém nascido em casa. Ai, quando a coitada da criança vai crescendo, lá vão os pais para a segunda etapa do desenvolvimento sexual da criança: vão tentar dessexualizá-la. Aos poucos eles vão mostrando que ela não é a coisa mais importante do mundo, que não pode ser a coisinha mais querida da mamãe, e que o mundo é duro, cruel, e ela não será necessariamente amada e desejada por quem é. Seus desejos não podem ser falados assim abertamente, de vez em quando ela vai ter que mentir e se encaixar nos padrões sociais, etc etc. E ainda tem gente que acha a infância o melhor tempo de todos! Criança sofre.

Sofre mais porque vai crescendo, e querem enfiar na cabeça dela que sexualidade está ligada ao órgão sexual que ela possui. Freud já dizia lá longe que não fomos feitos para reproduzir. Quem disse isso foi muito cruel com a gente. Somos seres sexuais, e nossa sexualidade não é feita só para reproduzir não. Pelo menos não psiquicamente falando. Então, nossa sexualidade vai depender de diversos fatores ao longo do nosso desenvolvimento. No final, podemos ser tanta coisa, gostar de tanta coisa, mas ainda temos que nos encaixar nos ditos que nos prendem a um sexo-reprodutivo, de macho-fêmea, reféns do nosso órgão sexual?

Está aberta a quinta edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. O prêmio é dirigido a estudantes de escolas de Ensino Médio e a universitários em nível de graduação, mestrado e doutorado e integra o Programa Mulher e Ciência. O Programa é desenvolvido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República em parceria com os Ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia, com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM). Trata-se de um conjunto de ações que objetivam estimular a reflexão sobre as relações de gênero e as desigualdades derivadas da discriminação por sexo, raça, cor e orientação sexual na sociedade brasileira, seus impactos nas carreiras acadêmicas, e fomentar a produção de conhecimento na área.

Aqui está o site do evento desse ano, e aqui a relação dos textos ganhadores do ano passado. R$8 mil reais ganha o texto escolhido. Mais detalhes no site.