Esse é um post que comecei a escrever no mês de junho de 2008 e até hoje não terminei. É um rascunho de post, na verdade. Mas fiquei com dó de apagar, e também fiquei com dó de não continuar. Mas, honestamente, um ano depois, nem me lembro mais o que eu queria com ele. Então vou postar só porque… Só pra não dizer que não fiz nada com ele. Só pra ele não entrar na lista dos textos nunca publicados. Desculpem a cara de texto mal acabado, sem correções gramaticais, e por vezes sem sentido, mas é exatamente isso que ele é, um texto não acabado.

 

 

Os problemas da identidade se resumem em dois eixos: da polícia, em identificar os culpados e indesejados; da ciência, nos progressos, como o dna, na busca de quem somos no dna; e dos indivíduos que se interrogam cada vez mais sobre sua identidade, por se inserir socialmente estar cada vez mais difícil para os sujeitos.

Na psicanálise o caminho é diferente. A identidade em psicanalise foi por algum tempo não considerado psicanalitico. Mas identidade é uma questão psicanalitica por exelencia. Se interroga o inconsciente, o sujeito do inconsciente, que é um sujeito desconhecido, significado pelas formações iconscientes, mas não sabemos quem e o que é. Desde o inicio em Freud, visava identificar o desejo do sujeito do inconsciente por isso essa questão é sim pertinente a psicanalise.

O cogito cartesiano não diz o que sou, não fala sobre identidade, fala sobre existência. Na sequencia que ele, Descartes se pergunta quem é.

Na psicanálise a questão está no inicio, senão não é psicanalise. Para fazer analise é preciso de um sujeito com sintomas, sintomas que representam um entrave. Portanto a questão latente na entrada é “o que sou enquanto esses sintomas?” Quem está em harmonia com seus sintomas (isso existe hoje?) este sim não tem questionamentos e não vai a analise.

“O que sou” essa é a questão de entrada de analise. O sujeito que vai a analise, conhece sua identidade social, mas o sintoma não está previsto na identidade social, e a analise começa questionando esse sujeito do sintoma, não ha paradoxos. O paradoxo vem depois, o sujeito é convidado a falar, que ele se represente pela fala e esse falar do analisando na verdade se procura o outro, a fala do sujeito do inconsciente. O paradoxo é que aquele que fala não pode fixar identidade pq não se fala sem estrutura da linguagem, e a propria linguagem é impropria para identificar, um significante só se determina em relação a um outro significante. E isso conduz que o significante representa o sujeito. “Vc diz isso, não há como retirar o dito, vc pode até negar o dito, mas não consegue desdizer”. Mas o significante dito so se presenta para outro significante, portanto o sujeito falante não está unificado na cadeia falante. Ele é sempre dois, e até mais que dois. E como unificar a identidade?

Paradoxo: procuramos a identidade com o instrumento improprio. Assim, os psicanalistas insistem no fato: o sujeito enquanto falta de identidade. É um sujeito que fala não identificado. O sujeito é um ser que é evanescente, está sempre em outro lugar. Está sempre correndo atras de uma identidade. Se vê na clinica, o analisante nunca sabe o que é e o que quer, as vezes vagamente tem uma noção que quer, as vezes vagamente tem uma noção do seu gozo. A análise pode dizer isso a ele? É o que ele espera.

Na vida, a questão da identidade também está na criança, no incio. Ela é acolhida no discurso dos pais, familiares, mas tem dois traços importantes: o discurso do Outro transmite prescrições, diz o que ela deveria ser para agradá-los, satisfazer os pais. Mas ao mesmo tempo os pais questionam “quem será que ele vai ser quando crescer?”

A questão da identidade está presente ja ai, desde criança, na forma de uma questão. Portanto na analise, esse ser sem identidade acaba se identificando, é natural. O que é uma identificação? É um substitutir da identidade, na identificação tomamos emprestados do outro caracteristicas que nos identificamos mais ou menos. Tomamos emprestados siginificantes do Outro. As primeiras identificações, imaginarias, de um modo geral nas neuroses são comandadas pela segunda. Pelo Outro, que orienta as identificações imaginarias. Essas identificações do Outro sao as identidades de alienação. Dá uma identidade por emprestimo, e o sujeito sabe disso, isso é o que Lacan chama de eu. Isso começa com o estadio do espelho, e em seguida vai se vestindo com emprestimos dos ideais do outro, do Outro.

As identificações de alienação são conformizantes? Podem ser, mas existem tbém as identificações em oposição ao significante do outro e essas são anti-conformizantes, mas são sempre de alienação.

O sujeito em analise, que se pergunta quem é, o que ele faz com suas identificações na analise? Ele as descobre, em parte, e as enumera. Algumas sao inconscientes e ele as declina. Lacan diz que na analise nos denunciamos essas identificações, percebemos que sao muito mais do Outro do que de si. Por isso a queda dos semblantes na analise, o que resta quando tiramos essas identificações do sujeito? Resta o vazio da questão da identidade, “o que sou”. Somente o vazio. O sujeito barrado. Essa é a resposta da analise , mas não é só isso. A analise nao termina ai com o vazio do sujeito. Onde encontrar o principio da identidade? Se existe uma resposta a essa pergunta, é porque na experiencia não ha só linguagemm e o sujeito nao é todo o individuo, mas o individuo é o corpo, que sustenta o suejito. Ele é um corpo que tem uma imagem, om orgnismo vivo, o proprio lugar e condição de gozo, e é dai que pode vir a resposta.

Qual é a relação do sujeito que está sempre em outro lugar, e do corpo que está sempre presente? Lacan responde hipotetizando que a substancia gozante do individuo é afetada pela linguagem, a linguagem é o operador que tem duplo efeito. Um efeito de sujeito suposto e efeito de modificação do que supomos ser nossas necessidades animais. O mesmo operador é causa do sujeito e do gozo do ser falante.

A linguagem tem duplo efeito sobre o gozo: a perda …

 

 

É acaba assim, pode? Vai saber como eu ia terminar isso… Enfim, esse texto foi baseado numa palestra que escutei da C. Soler aqui no Brasil, na USP, em julho de 2008.