A mulher acha que nasceu do pecado, ou que é o pecado, ou que cometeu um pecado muito feio quando era pequena. De um jeito ou de outro, quando cresce, acredita que deve pagar por ter sido uma menina ruim. E é ai que entra o sexo.

O sexo deveria ser algo bom na vida da mulher. Um movimento para produzir prazer, felicidade. Mas, nas mão dessas mulheres (senão de todas) se torna instrumento perverso de autopunição. É nele que as mulheres conseguem se punir sem ter que dar satisfação pros outros.

Assim, as mulheres se deixam violar, penetrar por homens que só sabem despertar nelas seu lado mais podre, frio, gélido. E cada homem mostra o como a mulher pode se distanciar de si mesma. A cada orgasmo fingido, a cada nojo escondido ela se torna estranha para si mesma. E isso causa um estranho prazer. É o prazer de se punir.

Mas essa punição nunca acaba. Não enquanto ela for viva. Então essa busca insana pelo sexo também não acaba. Cada homem ajuda a mulher a se punir de si mesma mais e mais. E quando a mulher chega em casa e mal consegue se olhar no espalho de tão vadia e usada, de tanto nojo de si mesma, e ai que vem o prazer macabro. O prazer da punição. Mais uma noite, mais uma missão cumprida, mais um dia de penalidade cumprida.

E quando a mulher acha um homem que não a faz sentir assim, provavelmente ela o matratará. Porque ela não é digna de alegria, ela precisa sofrer todos os dias. E muitos homens bons passam pela sua vida… podem passar a vida toda, até que um dia parem de passar. Mas podem passar, e por algum motivo, insistir em te fazer feliz. Em mostrar que você não precisa se punir, já se puniu o suficiente.

E ai você pode ser feliz, mas, volta e meia vai procurar um jeito de se punir de novo. Borderline total. Porque isso foi passado pra você pela sua mãe, que por sua vez recebeu isso da mãe dela, e assim por diante…

Da onde surgiu isso? Não sei. Mas se pararmos pra pensar, tudo prega que a mulher deve sofrer. Maria, mãe de Jesus viveu para sofrer (tanto por ter ficado grávida em uma história muito mal contada, tanto por ter que sofrer pelo filho na cruz). Joana darc teve que sofrer por saber demais e por querer ser mais do que a mulher podia ser em sua época. E assim por diante.

Então, a gente nunca deixa de se punir? A mulher nunca terá pago o preço suficiente para sua liberdade de si mesma? Gerações e gerações passam, mudam, mas isso nunca muda. Até quando?