Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Fox

Meu, li essa repotagem num blog que adoro e acompanho, e achei tão importante que vou colocar aqui o que ele escreveu, e o link para o blog dele.

http://leobelferrari.blog.uol.com.br/

O Jornal Nacional de ontem foi histórico. Ele mostrou o depoimento do presidente da Volkswagen “do Brasil”, sr. Thomas Schmall, sobre os acidentes causados pelo automóvel Fox produzidos antes de 2006. Vale a pena ir atrás dele e também comprar o jornal O Globo de hoje para ler a excelente reportagem de Eduardo Sodré sobre esse tema. No Brasil, é muito comum se culpar a política de tudo. Por que o preço do carro é tão alto? “São os impostos”, grita a indústria. Por que não há mais itens de segurança? “São os impostos”, berram as empresas. É um país muito condescendente com as empresas e empresários, principalmente se forem de outros países. Por exemplo, a indústria farmacêutica deita e rola no Brasil. Nos Estados Unidos onde ela leva processos milionários de consumidores prejudicados, ela pia fino. No Brasil não. Ela faz o que quer, do jeito que quer e ainda é bem recebida onde quer que vá. Ninguém pergunta nada, ninguém cobra responsabilidade de nada, ninguém percebe coisa nenhuma. Não ontem no Jornal Nacional. Em primeiro lugar, em qualquer outro país do mundo exige-se que o presidente de uma empresa fale a língua do país. É óbvio. Pois o presidente da Volkswagen “do Brasil” fala tudo, menos português. Eu só queria ver ele falando um inglês “macarrônico” lá nos Estados Unidos. Bom, em segundo lugar, o “recheio”, o “conteúdo” do discurso desse presidente foi de lascar. Ele negou, diversas vezes, que o “produto” da Volkswagen, o Fox, tivesse qualquer problema. Pior. Ele deixou claro que tudo está advertido no manual do proprietário do veículo – ou seja, é o burro do “consumidor”, que não sabe ler direito, o culpado. É um escândalo escutar uma declaração dessas. Ela é de uma arrogância, de uma prepotência e de uma imbecilidade gigantesca. Pior. Essa declaração revela um problema ético fundamental, que é a impossibilidade do sujeito – e da empresa – de assumir a responsabilidade pelo mal feito. É um escândalo saber que o mesmo automóvel, fabricado para a Europa, é totalmente diferente. Pior ainda. É um escândalo saber que a própria montadora sabia disso desde 2004 quando começou a receber as primeiras reclamações e os primeiros relatos de acidentes com o modelo. Pior ainda. É um escândalo saber que a partir de 2006 a própria montadora mudou o modelo brasileiro – sem avisar, sem alertar, sem fazer “recall” dos modelos 2004 e 2005.
A Volkswagen “do Brasil” não é a mesma da Alemanha. E isso revela um outro problema ético. Parece que, ao cruzar o oceano, essa empresa acreditou que por aqui, vale tudo. Ontem foi o dia em que isso ficou bem claro – nas palavras do próprio presidente. Está na hora dos brasileiros responderem. O que se deve fazer com uma raposa sanguinária, burra e prepotente? Ou será que depois de perder os anéis pagando as suaves prestações, estaremos dispostos a entregar também os dedos? Escrito por Leonardo Ferrari às 07h54

2 Comments

  1. Ufa

    Oi!
    Tenho acompanhado seu blog, e esse post me remeteu a um documentário chamado: “A corporação”. Se não tiver visto, vale a pena ir alugar/baixar/comprar e ver.

  2. Jaded

    esse filme é ótimo mesmo, eu tenho ele em casa!

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