Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Percepções

Ao longo da vida nós fazemos escolhas, e essas escolhas nos marcam como sujeitos. Pois é. Todas as escolhas nos marcam. Desde o momento que você acorda e decide por exemplo tomar leite, e não café, até aquele momento no trânsito que você decide deixar alguem entrar na sua frente ou nao, e também outro momentos no qual você decide entrar num site pornográfico ou não. O fato é que todas as escolhas nos marcam como sujeitos. Todas elas vão dizendo, ao longo do tempo, quem somos, o que gostamos, o que não gostamos, o que fazemos quando estamos felizes, o que fazemos quando estamos triste, e o que fazemos quando ficamos sozinhos entre quatro paredes.

 

Entre quatro paredes a gente chega a pensar que ninguém pode saber o que a gente faz. Ou mesmo o que a gente pensa. Mas é ai que nos enganamos. Porque, sem querer, escapam coisas que não percebmos e que dizem desses momentos que achamos que podiamos esconder do mundo (e talvez de nós mesmos): os sonhos que contamos aos nossos amigos, sem saber o que estamos contando; os lapsos de memória em uma conversa; os tipos de filmes que gostamos de assitir; as brincadeiras e piadas que contamos e fazemos; o que deixamos de falar em determinadas dicussões; o ciumes fora de hora; a distância que tomamos de pessoas queridas, e a aproximação que fazemos de estranhos; whatever, tudo fala de quem somos e pra onde vamos.

 

A verdade é que ninguem fica reparando nisso o tempo todo. Ninguém fica fazendo analise do discurso 24/7. Isso, além de ser cansativo, não é natural do ser humano. Mas o fato é que algumas coisas são gritantes, parece que estão ali para ser vistas, escutadas, notadas. E a gente simplesmente nota.

 

O que se faz disso? Well, muita coisa. São os vários tipos de relacionamentos que as pessoas fazem ao longo da vida. Aprendemos a nos relacionar com as pessoas, de diferentes formas, e aprendemos a fazer ou não alguma coisa do que notamos. Bom, algumas pessoas não notam nada, preferem não desenvolver tal habilidade para não ter que lidar com as consequencias e decisões que tem que tomar quando as tem.

 

Eu, por mim? Noto sim, é verdade. Por vezes noto mais do que gostaria. Mas, na maior parte do tempo finjo que não. Esse é talvez a maior dificuldade mas também a maior virtude que posso desenvolver: deixar que cada um dê conta de si mesmo, mesmo notando tudo que noto.

1 Comment

  1. Sharlene Lowery

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