Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Entre leituras psicanalíticas

Queria me sentir um pouco normal, por isso liguei.
Quero conversar com você, mas você não precisa responder. Na verdade é melhor só escutar.
Pensei tantas coisas sobre mim esses dias. Mas nenhuma delas e conclusiva.
Diz-se que não se deve tomar decisões sérias na vida durante uma análise. Minha analise estava em pausa, mas preciso urgentemente dela de volta. Porque estou num momento em que tenho vontade de tomar 34964698453435 decisões. Provavelmente se as tomasse, mais tarde me arrependeria de mais da metade delas (senão de quase todas). A ultima vez que me senti assim, acabei tomando decisões que não deveria. Mas só fui me dar conta que não deveria mais tarde. Então agora é melhor ficar quieta. Mas enquanto fico quieta a cabeça não para.

Meus banhos nunca foram tão longos. Porque é tanto pensamento, e a cabeça não para. Não para um minuto, nem quando vou dormir. Sinto que adormeço desmaiada, porque a acabeça não para nem na hora que me deito. Meus sonhos então… um turbilhao de fragmentos. Cada um diz uma coisa que talvez eu não gostaria de saber. Então os esqueço facilmente em apenas alguns minutos após escovar os dentes.

Mas te liguei pra me sentiro normal, e aqui estou falando igual uma louca sem parar. E falando das minhas loucuras. O que tem de normal nisso? Não sei. Mas sinto que só de saber que você está ai ouvindo posso estar mais próxima da normalidade. Obrigada por escutar.

E você, como anda? Alias, não responda. Melhor não saber. Minha cabeça já respondeu a essa pergunta de forma satisfatória. O que minha cabeça não responde ultimamente… o pensamento é tão rápido que assim que formulo uma pergunta já se seguem uma série de respostas, e outras e mais outras.

Tá tudo muito rápido na mi nha cebeça e lento demais na minha vida, lento demais no mundo. As pessoas são muito lerdas. Tudo é muito devagar. O dia passa muito lentamente. Os processos seletivos são lerdas. O transito é lerdo. Tudo é lerdo. E minha cabeça também é exageradamente rápida.

Preciso que você me diga que sou normal e não preciso de remédios. Ou que tomando remédios eu pare de pensar tanta merda. Alias, ainda nem falei um pouco pra você as loucuras que penso né… você deve imaginar, me conhecendo como me conhece. E também acho melhor não falar, porque parece que só o fato de verbalizar já me deixaria mais próximo dessas loucuras. Melhor não.

Estou com medo porque quando estou assim acabo sendo sincera demais. E esse nivel de sinceridade eu sempre me arrependo de ter tido, depois. Junta vontade com sinceridade, só pode dar merda. Uma vontade enorme de falar e falar um monte de coisas, de forma verdaeira demais só pode dar merda. Porque depois não dá pra se retirar o que disse.

Sabe a metafóra do vaso? Assim, um vaso se quebra (de argila). Você pode colar seus pedaços pou então derrete-lo e refaze-lo. A vida, para alguns é a primeira opção. Você comete erros e não tem como se esquecer deles depois. Mas pra mim a vida é a segunda opção, onde você pode fazer um monte escolhas, fazer o que quiser, cacas, ou whatever, e depois só recomeça. Ultimamente tenho tido vontade de fazer isso, pegar o vaso e tacar ele na parde quantas vezes eu achar necessário, e quando ele tiver em pedacinhos, e eu estiver cansando, eu simplesmente derreto ele e o refaço, de outro jeito atée melhor do que antes.

Parece bom tudo isso né? Mas nunca é´assim. Porque depois que eu derreto e faço outro, da uma saudadezinha do outro vaso…. ou então me dá vontade de começar tudo de novo, quebrar tudo de novo e refazer mais uma vez… é, realmente eu devo ser meio louca.

SIm, sim, sou tantâ, porque estou aqui falando com você, veja só, mas nunca nem cheguei a te ligar.

1 Comment

  1. Pikena

    É exactamente isso!!! Parece que estamos sintonizadas na mesma frequência. Tudo o que está escrito é também o que sinto. Parece-me, no entanto, que as situações são bastante diferentes uma da outra, mas com parecenças, pelo menos nos efeitos.
    É muito mau ter sempre o mesmo pensamento a toda a hora né? Até a dormir :p

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