Aline Accioly Sieiro - Psicanalista

Mês: setembro 2015

O enigma do feminino

Quanto eu tinha 12 anos, várias meninas da minha escola cortaram seus cabelos no corte Joãozinho. Elas começaram a aparecer, dia após dia, sem os cabelos enormes que carregaram por muitos anos. Eu me senti fascinada e ao mesmo tempo intrigada pelo movimento. Até hoje não sei quais foram os motivos que levaram cada uma delas a cortar os cabelos, mas me lembro de explicações que surgiam para dar conta da novidade. Uma era do teatro, diziam. Outra era “meio masculina” e uma deles gostava de meninas. Cada resposta parecia apresentar uma fantasia sobre o significado do cabelo curto, mas para algumas meninas as explicações não colavam. Elas estavam mais femininas do que nunca com seus cortes curtos; era simplesmente inexplicável para muitos que isso pudesse ser possível. Algo sobre um enigma em relação ao feminino era evidenciado apenas a partir de um corte de cabelo, e eu me perguntava como algo tão simples podia perturbar e chamar atenção de tantas pessoas.

Os anos passaram e um dia desses eu estava conversando justamente sobre cabelos com um conhecido. Escutei ele dizendo que Paula, uma conhecida nossa, estava em um processo intenso de enfeiamento. Paula usa muito o twitter e vem escrevendo sobre um processo de transformação da sua imagem. Tenho a impressão que Paula vive muito mais do uma troca de imagem, mas não posso falar sobre isso, pois não faço parte do que está acontecendo com ela. O importante aqui é destacar que, no twitter, vai ficando evidente a maneira como ela vem vivendo toda essa transição a partir da imagem. Durante um ano, Paula foi deixando de pintar os cabelos, assumindo a cor natural. Alguns meses depois, começou a questionar a importância de manter os cabelos lisos as custas de muitas horas perdidas com chapinha e secador. Passou a assumir também seus cabelos cacheados. Depois de algum tempo, decidiu aderir as sapatilhas e tênis porque não aguentava mais as dores nas pernas por conta dos saltos. Paula começou também a ser mais socialmente ativa no twitter, defendendo opiniões polêmicas sobre diversos assuntos. Não demorou muito para que as pessoas começassem a dizer que tudo isso estava relacionado ao processo de tornar-se feminista, ou, como disse meu conhecido, sobre o processo de se tornar mais feia. Nunca vi Paula tão feliz e feminina. Assumir sua posição em relação ao seu corpo e ao seu jeito de estar na vida tem sido bonito de se ver. Por que a beleza da invenção de cada um, fora do padrão, incomoda tanta gente?

Não somos ingênuos em relação aos fetiches, todo mundo tem suas preferências sexuais e seus fetiches em relação ao objeto de interesse sexual. Alguns homens foram se desinteressando por quem Paula estava se tornando, porque ela já não carregava mais alguns traços que permitiam a esses homens depositar suas expectativas e fantasias sexuais. O que parece ser frustrante para esses homens é que cada vez mais mulheres vêm vivendo processos como esse, descobrindo que não precisam ser um estandarte da fantasia masculina. As mulheres vem descobrindo que podem ter suas maneiras singulares de lidar com seu estar no mundo, com o ser mulher, e que o importante em um relacionamento, mais do que ser apenas depositária das fantasias alheias, é encontrar seus próprios sentidos e caminhos para ser mulher no mundo, mesmo que fiquem em falta com o outro. Alguns homens não estão gostando de ter cada vez mais restrito o número de mulheres que se oferece desse lugar adaptativo; também não estão gostando de encarar suas frustrações pelo fato (importante) de que suas fantasias nunca encontrarão o objeto ideal, já que há uma impossibilidade que marca o (des)encontro com o objeto de nossas fantasias, simplesmente porque ele não existe.

A feminilidade, ou melhor, aquilo que entendemos como identidade feminina é tão diversa que não seria possível descrever suas características. Porém, ainda sustentamos socialmente um ideal sobre feminilidade que foi construído as custas de mulheres como depositárias das fantasias impossíveis. E as mulheres acreditaram nisso e contribuíram muito para que esse engano fosse sustentado. São anos tentando ser sexy (sem ser vulgar), potente (sem deixar de lado o maternal), ativa (em sacar o desejo do homem), ou seja, diversas situações para tentar realizar o encontro impossível entre fantasia e realidade. A relação entre duas pessoas, baseada em uma teoria de amor (e sexo) que busca completude está fadada ao eterno desencontro ou ao apagamento de um para a satisfação do outro. As mulheres estão cada vez mais se permitindo encarar essa impossibilidade, de se apagar para ser quem o outro precisa; de tornar-se mulher e deixar os fracassos desse ideal de amor escancarado.

A idéia de feminino, ou seja, de algo que tem a ver com o que não está posto na identidade mas que nos causa enquanto mulheres, essa idéia ainda vem sendo explorada pelas mulheres e pelos homens. A noção de que somos divididos, faltosos, e que não será um outro que nos completará, aponta para uma relação não mais centrada em um ideal de completude e sim para o avesso disso: é a partir do que falta que será possível construir laços afetivos. Assim, o feminino não tem a ver com potência ou poder, mas com a ausência de um símbolo ou de um objeto e de como fazemos isso nos movimentar na vida; Como cada mulher lida com seu processo de tonar-se mulher e como vai se relacionar com outra pessoa a partir disso. É um processo particular e árduo. É uma construção, as respostas não existem prontas. E quanto mais as mulheres se permitem vivenciar tudo isso, mais elas deixam os homens em contato com o que de feminino também há neles, ou seja, com o enigma sobre seu desejo, suas fantasias de completude e sua relação com a impossibilidade.

Existe algo para além do sexo. Existe algo para além de olhar o outro como objeto de seus fetiches. Existe um tipo de relação estabelecida a partir do que o outro não é e nunca será pra você. Alguns chamam isso de amor, o ato de desejar e aprender a estar com alguém pela vida, caminhando em conjunto, redescobrindo o encontro sexual a partir dessas possibilidades. Isso pra mim é o que embasa o discurso de igualdade de gêneros. Não é sobre poder, sobre quem pode mais e quem vai controlar o outro da relação com objeto. É sobre duas pessoas que são faltantes, por isso semelhantes, tentando construir relações que permitam invenções causadas pelo que falta de maneiras criativas, diversas e sempre em movimento. A fixação na idéia de que o outro deve te dar aquilo que te falta sempre fracassa porque ninguém consegue ser apenas uma imagem para o outro o tempo todo. Ainda bem! E a agressividade que as pessoas andam direcionando umas para outras ilustra bem a raiva que é provocada quando, cada vez mais, as pessoas se autorizam a não ser apenas o que os outros esperam que elas sejam.

O feminismo promove a noção de que todos temos direito de entrar em contato com nosso enigma sobre o feminino que nos habita. Não é sobre defender uma identidade padrão, não é sobre empoderamento de um gênero ou outro, mas sobre estar nas relações com o outro a partir da impossibilidade de completude e da falta de poder. Amor não é sobre poder. O que faz laço entre as pessoas é o cuidado e o afeto que podemos construir a partir das nossas mais profundas fragilidades e não de quem consegue ter mais poder sobre a fragilidade do outro. Feminino não tem a ver com a identificação a um ideal, seja ele qual for (inclusive sobre um jeito certo de ser mulher), mas sobre construir uma resposta ao engima da vida e das relações humanas.

Outro dia, Laerte disse que seu processo de transição está acontecendo, do masculino para o feminino. Será que não somos todos assim, um processo eterno de construções e desconstruções? Será que o feminino não tem a ver justamente com essa descoberta de si mesmo e de como estar no mundo a partir dessas descobertas? Cada um de nós terá que dar suas próprias respostas.

Paula não está “enfeiando”. Paula está dando sua própria resposta ao seu enigma sobre o feminino. As meninas que acompanhei cortando seus cabelos Joazinho provavelmente também estavam se permitindo passear nas diversas identidades, para encontrar suas próprias maneiras de responder a essa questão. Isso parece ser o mais fascinante e bonito em todas elas. Mulheres que se permitem inventar. Uma pena que ainda estamos tão presos na fetichização do outro, sem conseguir enxergar além disso. Homens que também se permitam inventar talvez possam nos ajudar a construir um mundo com as mais diversas belezas possíveis, em suas diferenças.

A publicidade e o fracasso dos ideais

Nosso tempo contemporâneo, seja ele pós-moderno, hipermoderno ou o fracasso da modernidade, é um tempo de descontinuidade. Ficou no passado o período em que determinados ideais reinavam imperiosos oferecendo suas certezas, ainda que não inclusivos e para poucos. Para a maior parte das pessoas, as nomeações tinham um efeito de sustentação desses ideais, bastava nos adaptarmos a eles. Nos formulários, por exemplo, você escolhia se era do sexo feminino ou masculino, se era solteiro ou casado, escrevia o nome do seu pai e da sua mãe, dizia a cor da sua pele. Tudo parecia muito simples.

Hoje as respostas já não são mais tão simples. Estamos no cerne de longas e profundas transformações sociais advindas especialmente dos que se sentiam excluídos por esses ideais e nomeações, ou seja, do que ficava de fora. A parcela de pessoas que ficava excluída e “sobrava” era muito grande, mas não tínhamos ainda espaço para lidar com esses números. O fato é que o ideal era para poucos e o que ficou de fora por muito tempo, retornou demandando reconhecimento. O que ficou de alguma maneira excluído da possibilidade de nomeação, insiste para ter seu espaço. Assim, temos vivido uma enxurrada de novas possibilidades de identificações e renomeações, na busca por evidenciar a pluralidade de diferenças. Não é mais tão simples preencher no formulário o nome do pai e da mãe, porque passamos a ter famílias com duas mães e/ou dou pais. Fazer um x no espaço que identifica nosso gênero, por exemplo, ficou complicado para algumas pessoas trans que ainda não sabem como devem se identificar entre as opções masculina e feminina. De alguma maneira, tudo como conhecíamos vem sendo descontruído e reconstruído de uma maneira inquietante e veloz. As siglas aumentam, as nomeações aumentam e mesmo assim fica a sensação, no final do dia, que nada disso ainda é o suficiente para dar conta da diferença, anunciando que muito mais está por vir.

Toda essa avalanche de situações e novidades apresentam novos dilemas, ninguém se salva. Como se referenciar a homens e mulheres quando essas duas categorias não parecem mais ser suficientes para distinguir as pessoas? Como reconstruir nossos lugares sociais, nossos ideais e fantasias quanto tudo está mudando tão rapidamente e as pessoas ainda não conseguiram apreender a importância dessas tentativas (muito mais do que o sucesso ou o fracasso delas)?

No meio dessa confusão, publicitários, grandes vendedores de imagens, tentam encontrar um porto seguro para trabalhar. Quando as imagens de um ideal passam a não servir mais, outras imagens tomam a frente, em uma quantidade impressionante. Por trás de toda imagem vendida por um publicitário, existe um ideal atrelado. Assim, aprofundar-se no que está sendo vendido é importantíssimo para um profissional ter sucesso na venda de suas imagens e ideais. Não basta mais fazer uma promoção em que a mulher ocupa um lugar secundário, de esposa ou mãe. Esse ideal já não corresponde a maior parte da realidade das mulheres hoje. Usando ainda o exemplo das mulheres, elas têm se permitido construir diversos espaços para ocupar e representar. Portanto, como fazer uma propaganda voltada para o público feminino que possa incluir a vasta dimensão do que é ser mulher hoje?

A partir de questões que não possuem respostas fáceis, muitas pessoas tem se implicado, dedicando tempo, estudo e criatividade para construir propagandas que possam ser inclusivas, ou seja, buscam achar soluções que permitam diversas possibilidades e que de alguma maneira não ofendam gratuitamente a nenhum grupo específico. É uma missão dificílima, já que tudo se parece muito com um terreno em erosão. Os publicitários engajados já sacaram que uma propaganda nunca será apenas uma propaganda inocente; que questões políticas estão mais presentes do que nunca e que não podem simplesmente ser deixadas de lado. Mas nem sempre é assim. Infelizmente.

Essa semana, tivemos um exemplo de como uma propaganda infeliz pode ter um desfecho trágico. Uma churrascaria publicou em sua página do facebook uma propaganda que pode nos ajudar a pensar no que estamos colocando em pauta. A propaganda era a seguinte:

Propaganda 01

Em uma primeira olhada, não observamos nenhum crime ou afronta gritante acontecendo na propaganda. Percebemos que o desconto é proporcionado de acordo com o gênero da pessoa que se apresenta no estabelecimento e isso gera algumas questões. Ao meu ver, nada que não pudesse ser esclarecido de uma maneira tranquila e inteligente, ainda que pautado em um ideal que hoje fracassa. Sabemos que a questão dos gêneros é um assunto extremamente atual e suscita paixões e questões importantes, como, por exemplo, sobre o lugar da mulher em uma sociedade ainda extremamente machista. Logo, o esperado aconteceu: algumas mulheres questionaram o motivo do desconto apenas para mulheres. A questão é bastante pertinente para os tempos atuais. Mas parece que não foi isso que os responsáveis pelo anúncio pensaram. Frente a questão, sobre o que faria mulheres “merecerem” pagar mais barato, a discussão ferveu nos comentários da página. A discussão entre os usuários caminhava para: (1) a mulher não “merecer” mais ou menos do que homens, já que a luta pela igualdade de direitos defende essa postura; e (2) usar a idéia de gênero para justificar uma meritocracia está fracassada como ideal na atualidade e sempre gera mal estar. Ao invés de encarar o mal estar já instalado, o restaurante decide:

cancelamento e mimimi

A partir do posicionamento acima, o que era apenas um caso de propaganda mal planejada passa a ser uma questão de descaso com possíveis clientes. Responder a inquietações de algumas possíveis clientes foi tomado como bobagem, “mimimi”. O texto ainda deixa claro que, na ética da empresa, vale tudo para conseguir atenção, a qualquer custo. E já que o objetivo foi atingido (“o restaurante está cheio”), as questões políticas suscitadas pela propaganda não passam de “blá blá blá”.

Estamos todos vivendo no tempo da inexistência de uma suposta neutralidade: tudo é posicionamento político, inclusive a decisão por não participar ou por permanecer em silêncio. Fazer pouco caso da problematização de algumas pessoas não poderia ter sido mais infeliz. O restaurante poderia ter saído dessa sinuca de bico de diversas maneiras, mas preferiu agir com deboche frente a uma questão que é muito séria para alguns. A partir disso, o tom de guerra já estava instalado.

Não satisfeitos com o resultado da avalanche de críticas frente a propaganda e o posicionamento do restaurante, eles novamente mudam seu posicionamento, mas dessa vez para explicitar a posição política:

Reiteração da propaganda machista

“Apoiamos medidas que confortem às famílias nesta crise, PRINCIPALMENTE OS PAIS DE FAMÍLIA que somando os gastos DA ESPOSA E FILHAS acabam muitas vezes deixando de participar do almoço de confraternização apenas pelo preço”.

Aqui nesse trecho fica evidente a posição política e o ideal que sustentaram a propaganda desde o início: a cena de uma família em que o homem sustenta a casa e suas mulheres (esposa e filhas) e que por isso deve ganhar desconto para pagar por elas. Reparem ainda que a imagem usada, das mulheres com coraçõezinhos, só reforça um outro estereótipo sobre mulheres, que elas se reúnem apenas para falar de suas paixões e romances).

A frase e a foto carregam um ideal tradicional e machista que vem sendo insistentemente desconstruído ao longo dos últimos anos. No quesito família, já aprendemos que as famílias hoje são de diversas formas: mães solteiras, dois homens, duas mulheres, enfim, diversas apresentações que não se enquadram nesse ideal de família descrito. No quesito gênero, existem diversas famílias que são sustentadas por mulheres e diversas outras famílias em que o casal divide igualmente suas despesas, ou seja, o gênero já não define mais claramente o lugar da mulher nem do homem nas relações. No que tange a foto, sabemos que os assuntos das mulheres são os mais plurais possíveis, ou seja, dá pra brincar de desconstruir esse ideal antigo e frágil sem se esforçar muito. O preconceito e o machismo na resposta são explícitos.

Se isso já não fosse um problema suficiente para ser pensado, existe ainda uma outra questão: o discurso de ódio que é gerado por esse tipo de posicionamento (anti)ético. Em um dos posts, o restaurante faz questão de afirmar que não se responsabiliza pelos comentários em sua página. Justifica que não possui tempo para ler comentários e moderar, algo que atualmente é esperado com responsabilidade social de qualquer empresa que decide habitar o espaço online. Não se responsabilizar pelo conteúdo gerado em usa página vai na contramão do que temos acompanhado nas redes sociais, de empresas preocupadas com a inclusão. Assim, assistimos a um show de horror e ódio:

coment machista 01 coment machista 02 coment machista 03 coment machista 04 coment machista 05 coment machista 06

Esses comentários, todos masculinos, reforçam as suspeitas que não calaram: o machismo existe, e forte! Por que o fato de algumas mulheres questionarem as bases que sustentavam o desconto do preço, pautado por gênero, incita tanto ódio nas respostas das pessoas? Por que mulheres precisariam comemorar isso que é chamado de “cavalheirismo”, um “benefício”, que na verdade só evidencia uma condescendência gigantesca com elas? Sendo a sociedade justa na questão de gêneros, mulheres e homens poderiam pagar e ter os mesmos descontos, sem que isso fosse um peso para o outro gênero. Ao não se responsabilizar pelo discurso de ódio, o restaurante comete uma segunda violência com essas mulheres, reafirmando que elas precisam aceitar sempre o que um imperativo social machista diz que elas devem gostar ou não.

E só piora. As mulheres se voltam contra as próprias mulheres:

coment mulher 01 coment mulher 02 coment mulher 03 coment mulher 04

Desde quando um pedido de igualdade de direitos, independente dos gêneros, se torna uma questão de falta de pinto? Mulheres que lutam por igualdade de gêneros não podem ser consideradas mulheres? Exigir respeito e igualdade de gênero sempre vai terminar reduzido a piadas ridículas sobre pênis? A vida de uma mulher se resume a encontrar um homem que a queira?

Como podemos perceber, uma única propaganda pode fazer muito estrago. Tudo é política. Tudo carrega um ideal sobre o ser humano e suas relações. As desconstruções não param de acontecer e novos ideais e respostas não param de surgir. Será que podemos conviver com a idéia de que perguntas não são um problema? O problema real aqui parece ser a falta de espaço para o debate e o respeito ao diferente nas discussões. Até quando ainda teremos publicidades como essa? Até quando as pessoas ainda vão achar graça disso tudo e continuar rindo?

Como disse Duvivier em uma entrevista recente, fazer humor é tomar partido. Ou seja, até o humor é político. E sim, podemos escolher nossas piadas e do que rir. Fazer piada de quem está lutando por seus direitos não parece nada divertido.